AS SETE CARTAS DO APOCALIPSE

Substrato Histórico
INTRODUÇÃO
Acontecimentos históricos relacionados nas sete cartas dirigidas pelo Senhor Redivivo às sete Igrejas da Asia.
João
fora exilado na Ilha de Patmos que ficava no Mar Egeu. Media dez milhas
de comprimento por seis de largura. Era montanhosa e sem nenhuma
vegetação. Era um terrível presídio romano para onde remetiam os piores
criminosos daqueles tempos.
O apocalipse de João descreve os
acontecimentos relativos à consumação da história da redenção do homem.
Um verdadeiro drama escatológico nos é apresentado através de visões,
revelações, símbolos e figuras que mostram a poderosa mão do Senhor
restaurando todas as coisas em benefício do seu povo redimido.
O
número sete indica completude, perfeição, plenitude: sete igrejas, sete
estrelas, sete castiçais, sete cartas, sete anjos, sete trombetas, sete
espíritos, sete taças, sete selos, sete ais, sete parábolas, os sete
dias da semana, etc. Tudo indicando algo que está completo.
Assim,
as sete cartas indicam, sete períodos da história da Igreja que ficará
completa com as ocorrências referentes à última carta, ou seja, à Igreja
de Laodicéia.
1 - ÉFESO
Período apostólico
1.1 - Dados históricos e geográficos da cidade
Antiga capital da Jonia, estava localizada na costa do Mar Egeu.
Éfeso ocupava a posição de primeira e maior metrópole da Ásia pelos seguintes fatores:
1.1.1 - Tinha o porto mais importante da Ásia
1.1.2
- Devido a sua lealdade ao Imperador, possuía uma distinção política de
ser uma cidade livre e poder governar-se a si mesma.
1.1.3 - Em
Éfeso foi construído o famoso templo de Artêmis, ou Diana dos Efésios,
que era considerado uma das maravilhas do mundo antigo. Era um local
importante da religião pagã.
Além desse templo, havia também dois ou três templos construídos para adoração aos imperadores romanos.
1.1.4
- Éfeso recebeu o evangelho com muito ardor. Paulo permaneceu em Éfeso
por aproximadamente três anos(Atos 19:10; 20:31) onde o Senhor Deus
“pelas” mãos de Paulo fazia maravilhas extraordinárias” (Atos 19:11).
Foi nesta cidade que o mesmo apóstolo levou doze varões a uma
experiência mais profunda na Obra do Senhor (Atos 19:1-7). Outros irmãos
estiveram em Éfeso: Timóteo (I Timóteo 1:3), Áquila, Priscila e Apolo
(Atos 18:19, 24,26).
Na atualidade somente existem ruínas da grandeza
passada pois foi transformada no decorrer do tempo, em uma zona
pantanosa arrasada, distante uns três ou quatro quilômetros do mar.
1.2 - Essência da carta Apocalipse 2:1-7
1.2.1 - Apreciação pelo seu labor e perseverança;
1.2.2 - Aversão aos falsos apóstolos;
1.2.3 - Paciência e firmeza de propósito;
1.2.4 - Lealdade ao Evangelho do Senhor;
1.2.5 - Rejeição conjunta das obras dos Nicolaítas;
1.2.6 - Perda do primeiro amor;
1.2.7 - Exortação ao arrependimento.
1.3 - Aplicação profética na história da Igreja
1.3.1 - Caracterização dos nicolaítas:
Os
nicolaítas eram julgados logo cedo, como adeptos de Nicolau, prosélito
de Antioquia e um dos sete diáconos (Atos 6:5) que se desviou do
Evangelho. Deduzimos de Apocalipse 2:14-15, que eles mantinham o mesmo
erro dos Balaamitas, a saber, ensinar e comer coisas sacrificadas aos
ídolos e prostituir ou adulterar. Foram estes os primeiros pecados
condenados pelo Primeiro Concílio da Igreja em Jerusalém, mais ou menos
no ano 51 A.D. (Atos 15:20).
E notável que os nomes de Nicolau e de Balaão cognatos; Balaão: ele tem consumido o povo e Nilolau: ele vence o povo.
Se
este ensino foi tão energicamente repelido pelos efésios (versículo 2)
concluímos que se espalhava rapidamente. Nicolau levantou um grupo na
Igreja que se comprometeu com o paganismo, a fim de permitir que os
Cristãos participassem, sem embaraços, em algumas sociedades seculares.
Havia, por exemplo, em Tiatira, muitas industrias de tecelagem donde
procedia Lídia, a vendedora de púrpura. (Atos 16:14)
1.3.2 - Situação política, social e econômica do primeiro século.
O
Império Romano compreendia no tempo do Novo Testamento, a todo o mundo
civilizado desde o oceano Atlântico a Ocidente do Rio Eufrates e Mar
Vermelho a Oriente; desde o Ródano, Danúbio, Mar Negro e Montanhas do
Cáucaso ao Norte, até o Saara no Sul, estendia-se em vasto Império sob a
chefia e ditadura virtual do Imperador, chamado no N.T., tanto rei,
como Augusto (I Pedro 2:17 e Lucas 2:1). O mundo do Império Romano não
era diferente do mundo atual. Viviam, lado a lado, ricos e pobres,
homens virtuosos e criminosos, livres e escravos e as condições sociais e
econômicas eram, sob muitos aspectos, semelhantes às do presente. Os
historiadores como Plínio, o Moço e Suetônio, mostram que as guerras
constantes haviam dilacerado as economias e o Império enfrentava sérias
dificuldades de sobrevivência econômica.
A escravidão era uma chaga
social. De cada três cidadãos, dois eram escravos. E os escravos eram
tratados como objeto do qual podia-se dispor a qualquer instante. O
trato para com os escravos era cruel e desumano. A imoralidade e a
corrupção administrativa eram males sociais irreprimíveis. O povo
adorava centenas de deuses. O panteão estava abarrotado de imagens de
todos os tipos: de quadrúpedes, de répteis (Romanos 1) sem excluir o
culto aos Imperadores. No entanto, os deuses em nada contribuíram para
elevar os padrões morais, políticos e sociais; pelo contrário, o
politeísmo foi uma das causas da queda irreprimível do Império.
Eis
em poucas palavras, o mundo em que os pregoeiros da verdade do Evangelho
terçaram suas armas persuasivas levando a Palavra da cruz a milhões de
perdidos.
2 - SMIRNA
Período: Pós-apostólico - Era das perseguições
2.1 - Dados históricos e geográficos da cidade
Esta cidade era uma das mais prósperas da Ásia e era conhecida como “a coroa da Ásia” pela sua beleza e formosura.
A
posição geográfica de Smirna era privilegiada, pois havia um porto
muito seguro, protegido por rochas. Era uma cidade conveniente para o
comércio.
Smirna, a exemplo de Éfeso, era uma cidade livre, sendo considerada a cidade mais fiel à Roma, entre todas as cidades orientais.
Smirna era portentosa também pela cultura, conhecimento e artes.
Havia
em Smirna uma população de judeus, numerosos e influentes que eram
hostis aos seguidores de Jesus, opondo-se, de todas as formas, à Igreja.
Policarpo foi nela martirizado em 155 A.D. durante celebração dos jogos públicos.
2.2 - Essência da carta
Apocalipse 2:8-11
2.2.1 - Uma Igreja atribulada;
2.2.2 - O seu Senhor sofreu, morreu mas reviveu;
2.2.3 - Uma Igreja pobre(materialmente), mas rica espiritualmente.
2.2.4 - Existência de judeus blásfemos. Sinagoga de Satanás. Eles se aliaram aos pagãos contra a Igreja;
2.2.5 - Uma tribulação de dez dias. Dez perseguições do Império Romano;
2.2.6 - Apelo à fidelidade;
2.2.7 - Promessa ao vencedor.
2.3 - Aplicação profética na história da Igreja
2.3.1 - Causas das perseguições
a) A Igreja não cultuava aos Imperadores;
b) Ela não adorava a nenhum dos deuses que eram patronos de cidades e províncias, os quais foram importados da Grécia;
c) A Igreja só reconhecia a Jesus Cristo como o Senhor quando todos adoravam os Césares e os chamavam de seus senhores;
d) Praticavam seu culto ao Senhor e celebravam os sacramentos independentemente;
e)
Em questões de comportamento, os cristãos superavam aos pagãos, pois
eram superiores na inteligência, na moral e nos costumes.
A
perseguição desencadeada por Diocleciano foi tão atroz que mereceu o
título de “A Era dos Mártires”. Consta que ele chegou a cunhar uma moeda
com os dizeres: “Nomine Cristiano Delecta Est.”: Destruído o nome de
cristão.
Mas o sangue dos mártires regou o solo para que a árvore
viçosa e frondosa da Obra do Senhor florescesse como um desafio aos
poderes do mal. Cristo recolhia aos deleites celestiais aqueles que, na
terra, o honraram com o martírio. De cada chacina sanguinária, a Igreja
despontava mais forte, mais robusta e aumentava o número daqueles que
estavam dispostos a pagar com a vida o heroísmo de sua fé no Salvador.
Na forja do sofrimento agudo produziam-se os mais brilhantes caracteres.
A luz da verdade inevitável como os raios solares, penetrava às
sombras do politeísmo lançando por terra os edifícios de areia movediça,
os pantanais em que se achava atolada a desventurada raça humana.
A
Igreja se dispôs ao martírio, ao sofrimento, por amor Aquele Que .lhe
dera 8 própria vida no patíbu1o infamante de uma cruz. Era irresistível o
fascínio de seu corpo cicatrizado, de sua fronte perfurada pelos
espinhos de uma coroa de cipreste. Seus pés e mãos traspassados pelos
agudos cravos, seu sangue derramado pela redenção de uma raça atolada na
miséria moral. Crer e esperar, sofrer e sorrir eis o caminho traçado
para o povo que se dispõe a servir ao Senhor.
3 - PÉRGAMO
Período: Era de Constantino
O surgimento do catolicismo romano
3.1 – Dados históricos e geográficos da cidade
Sob
o ponto de vista da história Pérgamo era maior de todas as cidades da
Ásia. Existia em evidência desde 400 a.C. e perdurou até 400 A.D.
Sua posição geográfica era importante pois estava construído sobre uma colina elevada, cônica.
As principais características de Pérgamo eram: ser um centro cultural e um grande centro religioso do mundo antigo.
3.1.1 - A parte cultural abrangia a arte, escultura e filosofia. Em Pérgamo havia uma biblioteca muito famosa;
3.1.2
- No campo religioso, Pérgamo era um importante centro de adoração
pagã. Havia dois santuários famosos, o templo de Atenas e de Esculápio.
Tinha também um altar de Zeus erigido num monte a 250 metros de altura,
com aspecto de um trono. No culto a Esculápio, pessoas do mundo inteiro
corriam para buscar cura para suas enfermidades.
3.2 - Essência da carta
Apocalipse 2:12-17
3.2.1 - O Senhor se apresenta com uma espada de dois gumes (sua Palavra);
3.2.2 - O Senhor conhece a situação da Igreja;
3.2.3 - Estímulo à coragem: (Antipas, minha fiel testemunha);
3.2.4 - O erro da tolerância para com as doutrinas de Balaão: coisas sacrificadas aos ídolos e a prostituição;
3.2.5 - Não negaste o meu nome: havia um remanescente fiel;
3.2.6 - Apelo ao arrependimento;
3.2.7 - Promessas: maná escondido, pedra branca, novo nome.
3.3 - Aplicação profética na história da Igreja
O
maná era símbolo do próprio Cristo, de sua vida abundante oferecida ao
crente. O pão que desceu do céu e dá vida ao mundo (João 6:48-51). Eles
não precisavam de participar dos banquetes do mundo, pois o Senhor
preparou um banquete celestial para o seu povo redimido. A pedra branca
era símbolo de absolvição do réu. Nos tribunais da Grécia, os jurados
exibiam uma pedra cada um, como voto. Se fosse para condenar o réu a
pedra seria preta, se fosse para absolvê-lo a pedra seria branca. Além
disso, a pedra branca dava direito aos foros da cidadania celestial aos
salvos.
O novo nome era símbolo de identificação com o Senhor e de apropriação de seu poder para a realização de sua obra.
Pelo
Edito de Milão em 313, Constantino libertou a Igreja da perseguição e
deu margem para que o paganismo invadisse os arraiais da cristandade. A
igreja começa a divorciar-se da simplicidade do Evangelho e a
embrenhar-se pelos pantanais do paganismo, cujos reflexos ainda se
acentuam no seio da Igreja Católica-Romana, embora, sem nenhum
fundamento bíblico.
3.3.1 - Inovações heréticas no culto cristão
a) Adoração aos mártires (Santos);
b) Adoração à Maria “Rainha do céu”;
c) Adoração às imagens de escultura;
d)Adoração às relíquias;
e) Os sete sacramentos (Eucaristia, Batismo, Crisma, Penitência, Ordens, Matrimônio, Extrema unção);
f) A transubstanciação;
g} A regeneração batismal (o Batismo faz o Cristão);
h) As velas, os turíbulos, os castiçais, etc;
i) A casta sacerdotal: volta ao sacerdócio do V.T.;
j) Os conventos;
k) A missa (repetição desnecessária do sacrifício de Cristo feito uma só vez);
1) A Simonia (venda de cargos sagrados);
m) A água benta;
n) O purgat6rio (doutrina herética inventada por Gregório I);
o) A intercessão pelos mortos (dia de finados);
p) As indulgências (venda de perdão dos pecados);
q) Ordens monásticas (centros de moral);
r) O uso de incenso. O sinal da cruz;
s) O direito da primazia universal reivindicado pelo papa de Roma;
t)
A confissão auricular, além do direito de excomunhão e canonização do
celibato clerical, romarias, imaculada conceição e infalibilidade papal.
4 - TIATIRA
Período: Idade média
A impostura do sistema papal.
4.1
- Dados históricos e geográficos da cidade Fundada em 300 a.C.
aproximadamente, estava localizada num vale, entre as cidades de Pérgamo
e Sardo, à margem da entrada comercial romana.
Embora se adorasse
ao imperador por efeito da ocupação militar pelo Império Romano, Tiatira
não tinha significado religioso especial algum.
Era um importante
centro comercial e industrial de tecidos e telas de lã. Lídia, a
vendedora de púrpura era de Tiatira (Atos 16:14). Devido a essa
característica, a cidade era sede dos grêmios ou sindicatos que existiam
com a finalidade de proteger os trabalhadores da indústria e do
comércio a eles filiados.
A característica desses grêmios era
celebrar banquetes em templos pagãos onde havia o ato religioso formal e
a comida ali oferecida era sacrificada aos ídolos.
Esses banquetes eram ocasião para atos pecaminosos e bebedices.
A
participação dos cidadãos nesses grêmios e em suas atividades era
condição fundamental para o êxito nos negócios e em sua vida material.
O verdadeiro servo não podia comprometer-se com o mundo dessa maneira e viver o Evangelho em. sua plenitude.
4.2 - Essência da carta
Apocalipse 2:18-29.
4.2.1 - Cristo, o Filho de Deus. Olhos como chama, pés de latão reluzente (bronze polido);
4.2.2 - Boas obras. Amor, Fé, Serviço, Perseverança;
4.2.3 - Tolerância para com Jezabel, a profetiza prostituta. Jezabel - Balaão - Belial - Baal. Símbolo dos poderes do mal;
4.2.4 - A existência de um remanescente fiel;
4.2.5 - Cada um receberá segundo suas obras;
4.2.6 - Exortados a conservar o que tinham;
4.2.7
- Promessa: autoridade sobre as nações, particl pação no Reino e no
Juízo Final, recepção da estrela da manhã. Tudo isto ao vencedor.
4.3 - Aplicação profética na história da Igreja
4.3.1 - Caracterização de Jezabel
A
profetiza que propaga o ensino dos- Nicolaítas é chamada Jezabel. Pois a
rainha daquele nome tentou estabelecer em Israel, um culto idólatra em
lugar do culto ao Senhor. Recebeu ela a dura acusação de prostituição e
feitiçaria (II Reis 9:22). Filha de Etbaal, Rei-Sacerdote de Tiro e
Sidon, foi casada com Acabe, para ratificar uma aliança entre Tiro e
Israel. Foi feita provisão para que ela continuasse a adorar seu deus
Baal em sua nova Pátria (Samaria) I Reis16:31-33.
Ela tinha caráter
forte e dominante e era voluntariosa e impetuosa. Para o culto a Baal
ela contava com 50 profetas, além de 400 profetas da deusa Aserá. (I
Reis 18:17-40). Mas nem o massacre de seus 450 profetas foi capaz de
diminuir seu zelo idólatra. Era altiva, inescrupulosa, idólatra e
feiticeira, além de prostituta. Sua usurpação do trono deu como
resultado o extermínio da casa de Acabe determinado por Deus, através do
Rei Jeu (II Reis 10). Triste lembrança! Sem excluir o destino acontece
com aqueles que se rebelam contra o Senhor.
Assim como Jezabel
perturbadora a Israel com seus pecados, idolatria, feitiçaria e
prostituição, além de ser assassina e sanguinária, tendo recebido das
justas mãos de Deus o castigo que merecia, assim surge, agora, no meio
da Igreja, uma Jezabel que encarna toda. as caraterísticas daquela
personagem Vetero-Testamentária.
“Mas tenho contra ti que toleras
Jezabel, mulher que se diz profetiza, ensinar enganar os meus servos
para que se prostituam e comam do sacrifício da idolatria. Eis que a
porei numa cama, e sobre os que adulteram com ela virá grande
tribulação, se não se arrependerem de suas obras” (Apocalipse 2:20-22).
Jezabel
exorbitou de seu papel de rainha e de dona de casa, para usurpar o
poder político e interferir no destino da nação israelita. Assim a
Igreja Católica-Romana caracteriza-se como a mulher vestida de púrpura,
montada numa besta de cor de escarlata.
Apocalipse 17:3-4, transcende
a área pura e simplesmente religiosa para interferir no governo das
nações com grandes vantagens de ordem material.
4.3.2 - Caracterização do papado da idade média
a) Evolução histórica
O
sistema papal tomou forma e se tornou dominante a partir de Gregório I,
no ano 590 A.D. Daí por diante haveria uma sucessão ininterrupta de
pontífices, com prerrogativas cada vez mais absurdas.
b) A Igreja como senhora do mundo(em vez de serva)
A
Igreja Católica se impõe como senhora absoluta do mundo, a cuja voz,
todos se curvam indefesos. O papa se torna Juiz das nações em todas as
questões de caráter social, político, jurídico, comercial, civil ou
religioso. Tudo tinha necessariamente, que ser submetido à apreciação do
papa ou seu representante, que, no entanto, cobrava taxas para qual
quer coisa, como assinar um documento, etc.
c) A corrupção moral do clero
A
vida do clero era totalmente divorciada dos princípios bíblicos. A
imoralidade, a sensualidade, a pornografia, o concubinato, a cobiça, a
prostituição, a leviandade, as manobras políticas, a zombaria, o
enriquecimento ilícito, a falsificação de documentos com fins
inconfessáveis, a corrupção moral, a carnalidade, a simonia, a venda das
indulgências, a intromissão na área política, social e econômica dos
estados, a tirania, a opressão, o orgulho pontifício, a jactância, a
luxuria, o fausto e as púrpuras cardinalícias faziam do papado e da
Igreja o retrato da Babilônia de Apocalipse 17 e 18.
A embriagues, a
lascívia, os vícios sociais, o celibato clerical, imposto por Gregório
VII, o excesso de dias santos e feriados religiosos, faziam com que o
clero se tornasse vagabundo e ocioso. Não havia a menor assistência
espiritual ao povo, embora milhões de pessoas estivessem gritando por
socorro. O clero era, em geral, ignorante. Houve na época em que cerca
de 40 padres não sabiam quem era o autor do Pai-Nosso.
d) A igreja monopoliza a salvação
A
igreja fez com que a salvação dependesse da administração dos sete
sacramentos, além de inventar a doutrina anti-bíblica do purgatório para
extorquir o povo e forçá-lo a dobrar-se diante de sua supremacia
espiritual. Transformou-se, por conseguinte, num simulacro, numa
caricatura da Igreja de Cristo, razão pela qual, o Senhor decretou a sua
falência, quando diz: “caiu, caiu a grande Babilônia! ... sai dela,
povo meu...” Apocalipse18.
5 - SARDO
Período: Revolução religiosa
A reforma
5.1 - Dados históricos e geográficos da cidade
Sardo
era uma cidade rica. Existente desde o século XIII a.C., era a capital
do reino de Lídia, que foi o maior poder, encontrado pelos gregos em sua
missão conquistadora, durante a colonização da Ásia Menor. - Creso, o
mais notável dos dominadores, se envolveu com Ciro da Pérsia e foi
derrotado em 546 a.C. Ciro tomou a cidade e a transformou numa satrapia
da Pérsia, para onde foi transportada toda a riqueza de Creso.
Em
334 a.C., Sardo foi oficialmente dominada por Alexandre, o Grande. Em
334 a.C., Antíoco a conquistou e a saqueou. Em 190 a.C. os romanos a
conquistaram.
Sardo sofreu um terremoto em 17 a.C. sendo destruída
quase que totalmente. O imperador Tibério ajudou na reconstrução da
cidade de forma generosa.
Atualmente só existem ruínas da cidade
antiga, e uma pequena aldeia denominada Kalessi, em nada comparável com a
cidade gloriosa do passado.
5.2 - Essência da carta Apocalipse 3:1-6
5.2.1 - Cristo possui os sete Espíritos: o Espírito, em sua plenitude;
5.2.2 - A igreja quase totalmente morta;
5.2.3 - Faltava integridade nas obras;
5.2.4 - Exortação à vigilância e ao arrependimento;
5.2.5 - A reforma representada pelo remanescente fiel, o qual não havia contaminado suas vestes;
5.2.6 - Quem vencer receberá vestes brancas;
5.2.7 - Seu nome escrito no livro da vida.
5.3 - Aplicação profética na história da igreja
5.3.1 - Fatores favoráveis a reforma
a) O despertar do espírito nacionalista em diversos países;
b) A corrupção moral do clero - repúdio das nações;
c) A degradação da religião;
d) O povo abandonado, sentia profunda sede espiritual;
e)
O surgimento de movimentos de protestos no sudeste da França com Pedro
de Bruys e Henrique de Lansane e também o surgimento do Partido
religioso dos Cataristas;
f) Revolta dentro da Igreja - Aurora da reforma;
John Wycliff - 1375 - Inglaterra
Johs Huss: “O N.T. é o guia suficiente para a igreja”.
g) A renascença como uma preparação para a Reforma;
h) A inquietude social como uma preparação para a Reforma;
i) Frederico, o sábio, príncipe da Saxônia, protege a Martinho Lutero.
j) João Stauptz, Vigário Geral dos Agostinianos, instrui encoraja a Martinho Lutero;
k) Felipe, o belo, Rei da França, briga com o papa Bonifácio IX e estabelece outro papa em Avinhão, Sul da França;
1) Henrique IV da Alemanha rompe com o papa Gregório VII;
m) Malancton, Calvino, Carlstadt, Guilherme Farel, Martim Bucer, são colunas mestras do pensamento da Reforma;
n)
A construção da Basílica de São Pedro, iniciada por Júlio II e
concluída por Leão X. Razão da vinda das indulgências pelo domínio de
Tetzel.
Confronto com Lutero na Alemanha.
5.3.2 - Traços biográficos de Martinho Lutero
Nasceu
em Eislebem, Saxônia, 10 de novembro de 1483. Iniciou seus estudos na
Escola Eclesiástica de Mansfield e Magdenburg respectivamente. Travou
conhecimento com os Irmãos da Vida Comum que aspiravam por mais vida
espiritual coincidindo com as aspirações de Lutero.
Em 1501, concluiu
seus estudos de Humanidades, indo ingressar na Universidade de Erfurt
para cursar Direito e Filosofia. Formou-se em música e Filosofia, mas
interrompeu o curso de Direito. O cair de um raio numa tempestade, ao
seu lado fê-lo mudar de idéia.
Em 1505, entra para o Convento
Agostiniano e começa a lecionar Filosofia em Witenberg. Em 1509,
torna-se Bacharel em Teologia e leciona Dogmática no Colégio Geral da
Ordem. Para dirimir uma questão surgi da entre algumas ordens da
Alemanha, foi a Roma em 1510 e ficou decepcionado com a vida desregrada
do Clero Romano.
Escreveu comentários de Salmos, Gálatas, Romanos,
descobrindo a salvação de graça, por meio da fé em Cristo, sem o
concurso das obras. Começou a desmascarar os dogmas da igreja e a
contestar as teses do Humanismo de Herasmo. Em 31 de outubro de 1517,
afixou na porta da Igreja, em Witemberg, as 95 teses que derrubavam toda
a estrutura do Sistema Católico Romano, razão porque, teve de enfrentar
duas dietas: a primeira foi em Augsburg, em 1518 e a segunda em Worms,
em 1521. Dai saiu definitivamente vitorioso e sendo finalmente
excomungado por Leão X, retirou-se para o Castelo de Watburg, por ordem e
precaução do Príncipe Frederico, onde, em 10 meses, traduziu o Novo
Testamento para o Alemão, completando, mais tarde a tradução de toda a
Bíblia para a língua mater.
5.3.3 - Princípios da Reforma
a) A supremacia da Fé sobre as obras. Efésios 2:8-10
b) A supremacia da Bíblia sobre a tradição. Mateus 15:1-10.
c) O direito de livre exame das Escrituras. João 5:39
d) O sacerdócio universal dos crentes. I Pedro 2:9-10
6 – FILADÉLFIA
Período: Era das missões
6.1 - Dados históricos e geográficos da cidade
Era a mais jovem das sete cidades.
Fundada por Atalos II, cerca de 159-138 a.C.
Estava
localizada à margem da grande estrada comercial romana que a ligava a
outras cidades do país e ao Mar Egeu através dos portos de Éfeso e
Smirna. Sofreu um terremoto em 17 A.D.
Era uma cidade de fronteira
com Misia, Lídia e Frigia. A idéia era converte-la em missionária da
cultura e do idioma grego entre os habitantes de Frigia e Lídia.
Era realmente uma "porta aberta" para os crentes propagarem o evangelho.
Sua terra era muito fértil. Era famosa por seus vinhos.
6.2 - Essência da carta Ap.3:7-13
6.2.1 - O Santo e Verdadeiro com a chave de Davi. Poder para reinar;
6.2.2 - Todas as promessas feitas à casa de Davi se cumprem na exaltação do Cristo-Rei;
6.2.3 - Ele fecha e ninguém abre e abre e ninguém fecha.
6.2.4 - Uma porta aberta: missões mundiais;
6.2.5 - Fidelidade à Palavra e zelo missionário;
6.2.6 - Era atormentada pelos falsos judeus;
6.2.7 - Promessas finais: livramento da tribulação, posse da coroa, etc.
6.3 - Aplicação profética na historia da igreja
6.3.1 - Ligeira referência aos reavivamentos que caracterizam este período
Os
brados libertadores da Reforma estavam sendo sufocados pelos ataques
descaridosos dos romanistas, os quais usavam de suas sutilezas para
deter a marcha triunfal da Reforma. Por esta razão Lutero e seus
companheiros se embrenharam pelos caminhos da polêmica e perderam de
vista as necessidades dos vastos campos missionários, daí a razão porque
Deus o Soberano da história, imprimiu um rumo diferente à sua Obra,
levantando agora, avivalistas de grande porte espiritual, como João
Wesley, Carlos Wesley, George Whitefield, Jônathas Edwards, João Bunyan,
Dwight Liman Moody, Charles Finney, Charles Hadon Spurgeon, João Paton,
Willian Karey, João Fietcher, William Booth (fundador do Exército da
Salvação), Samuel Morris, Duncan CarnE bel, Stanley Jones, David
Brainerd, João Hyade, Adoniran Judson, etc.
Verdadeiras chamas
incendiárias, batizados com o fogo abrasador do Espírito Santo, com a
Bíblia em punho, joelhos em terra, vigílias, jejuns, e assim Deus trouxe
ao sagrado redil, milhões de almas perdidas que, hoje povoam as
avenidas luxuriantes da Cidade Celestial.
“Eis que ponho diante de ti
uma porta aberta”. Através desses homens, Deus sacudiu países inteiros
que cochilavam acomodados aos limites de sistemas litúrgicos ocos, sem o
sopro da vida e sem a bênção do Espírito Santo. Milagres
extraordinários começaram a acontecer, os dons espirituais se
manifestaram em muitos deles, e almas quebrantadas e arrependidas de
seus desvarios, olhavam outra vez, para o céu e confiavam inteiramente
no Senhor para a salvação.
A história dos reavivamentos é sempre uma
inspiração, um estímulo, mostrando que, onde quer que haja corações
dispostos a buscar a benção do Senhor, aí Ele se manifesta poderoso e
pronto a imprimir um novo rumo a evolução histórica da raça humana.
Milhões de almas em centenas de países, em todos os continentes do
globo, receberam a mensagem única, singular, abrasadora do Evangelho da
Salvação, através desses vasos humildes, sem ostentação, dispostos a
sofrer humilhações, ataques, desprezos, até mesmo de companheiros de
ministério, mas que não se arrefeceram na batalha do Reino de Deus.
Tinham suas almas tangidas pelos raios solares, seus corações iluminados
pelos fulgores do Espírito Santo. De seus lábios ungidos, jorram
torrentes de águas vivas para desalterar a sede das almas tristes e
desalentadas. Os séculos XVII, XVIII e XIV, viram os esplendores do céu,
os portões de pérolas da Cidade Celestial abertos aos pecadores
arrependidos.
Cristo era a Suprema Aspiração desses pregadores
sacudidos pelo poder imenso do Santo Espírito. Suas vozes inconfundíveis
ressoam ainda pelas abóbadas do infinito, como um testemunho de que
Cristo é o mesmo ontem, hoje e eternamente.
7 - LAODICÉIA
Período: Era ecumenista
7.1 - Dados históricos e geográficos da cidade
Laodicéia
era uma das três cidades vizinhas do vale de Licos mencionados nos
escritos de Paulo, sendo as outras duas Colosssos e Hierápolis.
Originalmente a cidade havia sido uma fortaleza militar.
O vale onde
estava situada era muito fértil, tendo abundância de todos os produtos
do campo e portanto um importante centro comercial e estratégico.
Como
características da cidade podemos citar que não existia águas em seus
campos a não ser as fontes termais, onde as águas estavam sempre mornas.
Era uma cidade rica e possuía um grande centro bancário e financeiro.
Produzia industrialmente mantos de lã e também era um centro médico de
importância onde se produzia e exportava colírio.
Foi merecedora da mais dura repreensão do Senhor.
7.2 - Essência da carta
Apocalipse 3:14-22
3.2.1 - Igreja rica materialmente, e pobre espiritualmente;
3.2.2 - Nem era fria nem quente, era morna. Água morna provoca vômitos;
3.2.3 - Julgava não precisar de nada, sem saber que estava pobre, cega, nua e desgraçada;
3.2.4 - Era rica e jactávase de sua riqueza material;
3.2.5 - Ignorava seu estado de profunda miséria espiritual, pois não enxergava;
3.2.6 - É admoestada a batalhar pela verdadeira riqueza espiritual;
3.2.7 - Eis que estou a porta e bato. Uma Igreja com Cristo do lado de fora!
7.3 - Aplicação profética na hist6ria da igreja
A
carta de Laodicéia caracteriza a chamada Era Ecumenista, em que a
Igreja perde a esperança do céu e se arroja na conquista de bens
materiais e se enriquece materialmente, caindo, por conseguinte, num
estado de letargia espiritual.
Troca o poder do Espírito Santo pelo
poder econômico, recebendo do Senhor a triste classificação de Igreja
miserável, pobre, cega, nua e desgraçada. É o triste estado de apostasia
previsto nas Escrituras. I Timóteo.4:1-3.
Para se acomodar às
conveniências do ECUMENISMO, ela abriu mão de princípios doutrinários
considerados inalienáveis, como a inspiração Verbal das Escrituras, o
nascimento Virginal de Jesus Cristo, a salvação dos Crentes pela
Expiação do Calvário, os milagres bíblicos em geral, a ressurreição de
Cristo, e sua vinda gloriosa e pessoal. Com o despontar da ciência e da
tecnologia, o homem se tornou enfatuado em sua carnal concupiscência e
achou por bem submeter as Escrituras aos crivos da razão humana. Tudo
aquilo que não pudesse ser aceito pela razão teria que ser interpretado
de modo a ser entendido neste contexto. Assim os corifeus da Alemanha,
França, Inglaterra, Suíça, etc., elaboraram a Crítica Literária,
Histórica e Textual, por cujos crivos a Bíblia foi passada, dando como
resultado a negação do lastro doutrinário que foi o sustentáculo da fé
da Igreja em quase vinte séculos.
A Bíblia não é livro de Ciência e
nem de Filosofia e nem de Tecnologia, embora tudo isto possa ser
encontrado nela de algum modo. Sua preocupação central é a salvação do
homem através do sacrifício de Jesus.
A arqueologia é, talvez, o
único ramo da ciência moderna que presta bons serviços ao reino de Deus,
comprovando, por suas descobertas, a veracidade dos Oráculos Divinos.
8 - CONCLUSÃO
Ao
concluirmos este estudo queremos caracterizar a primeira menção da
Igreja feita pelo Senhor Jesus em Mateus 16:18 “... e sobre esta pedra
edificarei a minha Igreja e as portas do inferno não prevalecerão contra
ela”. A pedra a que Jesus se referia era a declaração que Pedro
recebera por revelação do Espírito Santo de que Jesus é “o Cristo, o
Filho do Deus Vivo”.
De fato, a Igreja do Senhor está edificada sobre
essa rocha e devido a isto, pode permanecer com a chama ardente do
primeiro amor até hoje.
Desde a sua instituição no Pentecostes até o
arrebatamento, o Senhor Jesus poderá contemplar a sua Igreja com
alegria, o seu sacrifício não foi em vão e o profeta Isaías já podia
assim registrar: “Ele verá o fruto do penoso trabalho de sua alma, e
ficará satisfeito...” Isaías 53:11.
Em todos os momentos, o mesmo
Espírito que revestiu os irmãos no passado, sustentou a Igreja nas horas
mais cruéis, conservando sempre um remanescente fiel para levar avante
as novas do Evangelho de um Senhor Redivivo.
Assim, nós hoje vivemos
os instantes finais do período da Igreja. Vivemos aguardando para
qualquer momento ouvirmos o ressoar da trombeta de Deus e sermos
arrebatados, e estarmos “para sempre com o Senhor” (I Tessalonicenses
4:17).
