sábado, 10 de novembro de 2012

A Conspiração dos Inimigos contra Neemias -


INTRODUÇÃO:

Os inimigos da obra de Deus tudo farão para impedir a expansão do Seu reino. Hoje atentaremos para a conspiração dos inimigos contra Neemias. A princípio destacaremos as estratégias do inimigo a fim de atrasar o avanço da obra. Em seguida, analisaremos a trama dos inimigos para atingir Neemias, já que esse estava em posição de liderança na condução dos trabalhos. Por fim, apontaremos as convicções do servo do Senhor que fizeram diferença diante das ameaças dos inimigos.
1. AS ESTRATÉGIAS DOS INIMIGOS
Os inimigos não dão trégua e tentam de várias maneiras atrapalharem o desenvolvimento da obra de Deus. Neemias passou por várias afrontas dos seus opositores: desagrado (Ne. 2.10), zombaria (Ne. 2.19), escárnio (Ne. 4.1), humilhação (Ne. 4.2), chacota (Ne. 4.3), confusão (Ne. 4.8), violência (Ne. 4.11) e boatos (Ne. 4.12). Eles recorreram a diversas estratégias no intuito de dificultar o progresso da obra, dentre elas destacamos: 1) a distração - como as portas ainda não havia sido postas no devido lugar, os adversários tentaram retirar os obreiros do foco sobre a tarefa a ser desenvolvida (Ne. 6.1); 2) a negociação - quando os opositores não conseguem êxito em sua empreitada contra os servos de Deus, eles buscam barganhar, com vistas a tirarem alguma vantagem (Ne. 6.2); 3) a maldade - os adversários queriam conduzir Neemias para um local distante, fora da zona de segurança, com essa proposta pretendiam mata-lo (Ne. 6.2); 4) o cansaço - os inimigos não desistem, a insistência visa levar os servos de Deus ao cansaço (Ne. 6.4); 5) a boataria - os opositores da obra de Deus recorrem a essa estratégias; por meio do falso testemunho querem denegrir a imagem da liderança (Ne. 6.4-7); 6) a chantagem - através de tais recursos os adversários pretendem demonstrar aos servos de Deus que não há saída, que eles estão encurralados (Ne. 6.7); e 7) o medo - os adversários sabem que o temor pode fazer com que as pessoas fiquem paralisadas, por isso, tentam amedrontar os servos de Deus (Ne. 6.9). Essas estratégias utilizadas pelos inimigos da obra de Deus nos tempos de Neemias ainda se repetem nos dias atuais. Através dos recursos da mídia, ou de aparatos jurídicos, os opositores do Reino de Cristo tentam intimidar os que servem ao Senhor.
2. AS CONSPIRAÇÕES DOS INIMIGOS
Os inimigos da obra de Deus conspiraram contra Neemias, eles arquitetaram um plano para aniquilá-lo. O desejo deles era o de sequestrar o servo do Senhor, por isso queriam conduzi-lo para uma das aldeias da planície de Ono. Tratava-se de um lugar que ficava entre Samaria e Jerusalém, a meta dos adversários era destruir aquele que era o principal representante na reconstrução da obra de Deus. Lutero, o reformador protestante, também passou por situações semelhantes diante do poder religioso. Os líderes da igreja oficial, aliados às forças políticas da sua época tentaram sequestra-lo a fim de que a reforma fosse abortada. As autoridades contrárias ao controle papal foram usadas por Deus para proteger o reformador. Por isso, antes de uma emboscada com o intuito de mata-lo, preservaram a sua vida, e levaram-no a um lugar seguro, onde conclui a tradução da Bíblia para o alemão. Neemias revelou ser um homem resoluto, ele sabia que estava investido de uma grande responsabilidade, por isso não se deixou levar pelas distrações dos inimigos (Ne. 6.3). Ele estava convicto do seu chamado para aquele ministério, por esse motivo, mesmo com a insistência dos opositores, Neemias se mostrou inflexível. Nem mesmo as falsas acusações do inimigo foram capazes de tirar o servo do Senhor do seu alvo. Em resposta a intimidação dos adversários, Neemias se mostrou confiante em Deus. Ele sabia que o Senhor é soberano (Ne. 1.5; 2.4,20), sábio (Ne. 2.12), poderoso (Ne. 4.14,20), misericordioso (Ne. 9.17), compassivo (Ne. 9.19) generoso (Ne. 9.19) e paciente (Ne. 4.14,20). Quando conhecemos nosso Deus não temos motivos para temer. A confiança no Senhor é fortalecida através da oração, por essa razão, Neemias está sempre se dirigindo ao Deus de Israel (Ne. 6.14). A ausência de oração na vida do líder, e de todo cristão, faz com que ele veja os inimigos e os problemas maiores do que eles realmente são.
3. CONVICÇÃO DIANTE DOS INIMIGOS
O êxito de Neemias durante o período de reconstrução dos muros de Jerusalém, mesmo diante das conspirações dos inimigos, é resultado das suas convicções. Paulo, ao escrever ao jovem Timóteo, revelou-lhe que sabia em quem havia crido (II Tm. 1.12). Os discípulos não se intimidaram com as afrontas das autoridades religiosas. Eles sabiam que Jesus havia ressuscitado dos mortos, por isso testemunhavam do evangelho com ousadia (At. 4.29-37). Sem convicções firmes na Palavra de Deus, o líder cristão acaba se tornando presa fácil dos inimigos. Neemias era um homem de fé, por isso ele priorizou a revitalização do culto ao Senhor (Ne. 7.1). Em alguns contextos evangélicos, a Palavra de Deus está sendo relegada a segundo plano. Há líderes cujos interesses não se coadunam com os princípios escriturísticos, estão preocupados apenas com a obtenção de poder e riqueza, ainda que, para tanto, subvertam a doutrina bíblica. Um líder convicto da sua fé em Deus não faz aliança com indivíduos que comprometam sua idoneidade cristã. Neemias procurou se aproximar de pessoas que o ajudassem e que fortalecessem o projeto de Deus (Ne. 7.2). Mesmo confiando no Deus de Israel, Neemias não fez pouco caso dos perigos que precisava enfrentar (Ne. 7.3), por esse motivo ele planejou a execução de tarefas que protegessem o povo de Deus (Ne. 7.4). É admirável, e serve de inspiração para todo cristão, a capacidade de Neemias de sacramentar cada uma das suas atitudes. Qualquer responsabilidade desempenhada na reconstrução dos muros era motivo de oração, em tudo se buscava a direção divina (Ne. 7.5). Os princípios bíblicos não podiam ser descartados, o planejamento não teria efeito se não fosse executado de acordo com os parâmetros estabelecidos por Deus em Sua palavra (Ne. 7.61-65). A ganância e o materialismo, que se constituem um problema para os cristão deste tempo, foram atacados por Neemias, ao invés de incentivar a prosperidade individual ele estimulou o povo a exercitar a generosidade (Ne. 7.66-73).
CONCLUSÃO:
A conspiração dos inimigos contra a obra de Deus é constante, esse é o motivo do povo de Deus permanecer atento, exercitando o discernimento espiritual (Ne. 6.2), a fim de identificar a relevância do serviço que estamos desempenhado, não especificamente para homens, mas para Deus (Ne. 6.3). Diante das ameaça, é preciso ter cautela, não se adiantar e demonstrar prudência espiritual, não falar mais do que necessário e permanecer firme nos propósitos estabelecidos pelo Senhor (Ne. 6.4). Se assim agirmos, demonstraremos integridade espiritual diante das afrontas do Inimigo, a convicção no que cremos, com base na Palavra de Deus, e a prática da oração serão fundamentais para resistir as tramas dos adversários (Ne. 6.6-8).
BIBLIOGRAFIA
BROWN, R. The message of Nehemiah. Downer Grove: IVP, 1998.
LOPES, H. D. Neemias. São Paulo: Hagnos, 2006.


terça-feira, 6 de novembro de 2012

Quem São os Filhos de Abraão?
Os muçulmanos, com aproximadamente 1,3 bilhões de adeptos, são encontrados em centenas de grupos étnicos diferentes ao redor do mundo e, possivelmente, três quarto das pessoas do mundo muçulmano não possuem antecedentes árabes. Contudo, o estilo de vida e cultura árabe de Maomé influenciou profundamente o islamismo.
A herança bíblica árabe é geralmente esquecida ou desconhecida por muitos. Talvez saibamos que Ismael se tornou um príncipe árabe e o fundador de muitas tribos árabes, porém, nosso conhecimento sobre a herança bíblica árabe é superficial.
Abraão é o pai de todos os que crêem. De acordo com as promessas de Deus, cada um é bendito ou maldito, dependendo da sua relação com o pai da fé. Ao longo da história, cristãos, judeus e muçulmanos buscam ostentar seu vínculo com o pai da fé.
A Bíblia é uma grande fonte de informações a respeito das genealogias árabes. E os árabes são um povo semita (descendentes de Sem), tanto quanto os judeus (Gn 10.21-32).
Segundo algumas fontes de pesquisa, existem, no mínimo, três tipos de árabes no Oriente Médio: os jotanianos (da linhagem de Jotão, filho de Gideão), os ismaelitas (da união de Abraão com Hagar) e os queturaítas (da união de Abraão com Quetura).
Todos querem pertencer à família de Abraão. Mas todos os árabes são descendentes de Ismael? Quem são os verdadeiros filhos de Abraão? Os árabes que afirmam ser descendentes de Abraão por meio de Ismael também estão incluídos nas promessas de bênçãos?
Vejamos o que a Bíblia diz.
A família de Abraão
Não podemos subestimar a importância de Abraão para as três grandes religiões monoteístas do mundo. Jesus era chamado “filho de Davi, filho de Abraão” (Mt 1.1). O Alcorão menciona Maomé como alguém achegado a Abraão (Surata 3.68).
Deus chamou Abraão para sair de sua terra, dos seus parentes e dos seus pais, para uma terra que ele não tinha idéia de onde seria. E o prêmio da obediência, as bênçãos, seria endereçado a ele e a todas as nações da terra (Gn 12.1-3). A bênção ou a maldição dos povos dependia da posição que Abraão tomasse. A porta da restauração da humanidade perdida foi aberta com o “sim” dado pelo profeta a Deus.
Foi difícil para Abraão meditar sobre a bênção aos seus descendentes, visto que ele e sua esposa estavam idosos e, aos do patriarca, a possibilidade de ter um filho tinha se esgotado. Deus disse que seu filho seria o herdeiro, porém, a paciência de Sara se esgotou primeiro e, “tentando ajudar a Deus”, pediu a Abraão para tomar a serva egípcia Hagar para que a descendência de Abraão fosse iniciada (Gn 16.2). Abraão, que tinha 86 anos de idade, teve um momento de fraqueza, chegando a ponto de concordar que realmente deveria “fazer alguma coisa” para que a promessa de Deus se cumprisse.
Obviamente, esse “não” era o caminho que Deus planejara para dar uma descendência numerosa a Abraão. Imediatamente, começaram os problemas. Sara, a legítima esposa, passou a ser desprezada aos olhos de sua serva Hagar quando esta constatou a gravidez. Sara, então, culpa Abraão, que se isenta da responsabilidade deixando a escrava nas mãos de sua esposa que, por sua vez, maltrata tanto a escrava que Hagar decide fugir para o deserto com o filho.
Com a fuga da escrava, parecia que a história tinha se encerrado, mas Deus não abandonaria Hagar. Ele a amava e também a seu filho. O amor de Deus socorre Hagar no deserto. Um anjo é enviado para ajudá-la e convencê-la a voltar para as tendas de Abraão. Deus dá um nome para o filho da escrava: Ismael, que significa “Deus ouve”. Realmente, Deus ouviu o choro de Hagar!
A escrava obedeceu a Deus e voltou para sua senhora, permitindo que Abraão vivesse ao lado de Ismael. Enquanto o menino crescia, Abraão se alegrava, crendo que a promessa de Deus se cumpriria por intermédio daquele menino, porém, a surpresa bateu à porta daquela família. O filho da promessa ainda estava por vir e não seria filho de uma escrava, mas da própria Sara, ainda que, fisiologicamente, fosse algo impossível. Deus não tinha se esquecido da promessa. Nasceu Isaque e, agora, Ismael tinha um rival. Apesar de Isaque ser o filho prometido, isso não diminuía a tremenda bênção sobre Ismael. Ismael deveria ser abençoado, ser frutífero, multiplicar-se, não apenas de maneira normal, mas “extraordinariamente”. Ele seria pai de doze príncipes e não se tornaria apenas uma nação, mas “uma grande nação”.
A descendência de Ismael
Assim como houve doze patriarcas em Israel e doze filhos de Naor (Gn 22.20), assim também Ismael, considerado por muitos o patriarca dos árabes, gerou doze príncipes árabes.
Uma característica marcante na vida de Ismael era que ele seria como um “homem bravo” (ACF), “jumento selvagem” (NVI) (Gn 16.12). Ismael haveria de ser forte, selvagem e livre, e de trato difícil, desprezando a vida na cidade e amando sua liberdade a ponto de não ser capaz de viver com ninguém, nem com seus próprios parentes.
Ismael não desapareceu das páginas da história sagrada e muito menos ficou sem bênção, meramente por não pertencer à linhagem de Israel. Deus tinha um lugar e um destino reservados para ele. O Messias, da linhagem de Isaque, também seria o Salvador dos demais descendentes de Abraão e de todas as famílias da terra. Entretanto, os descendentes de Ismael se tornaram inimigos ferrenhos de Israel, descendentes de Isaque (Sl 83.1-18). E permanecem assim até os dias de hoje.
A Bíblia cita os doze filhos de Ismael e afirma que seus descendentes se estabeleceram na região que vai de Hávila a Sur (região Leste do Egito e região Norte do deserto de Sinai), na direção de quem vai para Assur (Assíria, região Norte do Iraque). Abraão habitou por um tempo nessa região. Foi também a habitação dos amalequitas e de outras tribos nômades (Gn 25.18; 1Sm 15.7; 27.8). Além da Bíblia, os assentamentos, como, por exemplo, os de Quedar, Tema, Dumá e Nebaiote também são conhecidos, há mais de dois milênios.
Nebaiote, o filho mais velho de Ismael, que, em hebraico, significa “frutificação”, era chefe tribal árabe (1Cr 1.29). Sua descendência continuou a ser conhecida por esse nome (Gn 17.20; 25.16). Uma curiosidade histórica é o fato de que a terra de Esaú ou Edom finalmente caiu sob o controle da posteridade de Nebaiote. Esse clã árabe era vizinho do povo de Quedar. Ambos os nomes aparecem nos registros de Assurbanipal, rei da Assíria (669-626 a.C.). Embora alguns estudiosos rejeitem a idéia, possivelmente eles foram os antepassados dos nabateus.
Os nabateus eram um povo árabe cujo reino se expandiu, no passado, até Damasco, capital da Síria, um país árabe. Perto do século 4o a.C., eles estavam firmemente estabelecidos em Petra, que atualmente é um sítio arqueológico, com ruínas e construções magníficas, localizado na Jordânia, que também é um país árabe.
Quedar, o segundo filho de Ismael, em hebraico significa “poderoso”. Alguns estudiosos dizem que essa palavra significa “negro” ou “moreno”, uma referência aos efeitos da radiação solar na pele das pessoas que habitam os desertos quentes do Sul da Arábia, onde vivem os beduínos. O interessante é que, no livro de Cantares de Salomão (1.5), a esposa diz que “é morena como as tendas de Quedar”. No Antigo Testamento, o termo Quedar é usado genericamente para indicar as tribos árabes — beduínos (Ct 1.5; Is 21.16,17; 42.11; 60.7; Jr 2.10; Ez 27.21). No Salmo 120.5, Quedar e Meseque se referem, metaforicamente, a certas tribos bárbaras. Eram negociantes, numerosos em rebanhos e camelos. Alguns deles eram ferozes e temidos guerreiros. Jeremias predisse o julgamento de Quedar, dando a entender que seria destruído por Nabucodonosor (Jr 49.28,29). Após serem destruídos parcialmente por Nabucodonosor e Assurbanipal, eles diminuíram em números e em riquezas e se dissolveram em outras tribos árabes. Os estudiosos muçulmanos, ao reconstruírem a genealogia de Maomé, fazem-no descendente de Abraão, de Ismael, por meio de Quedar. Sam Shamoun, apologista cristão, nega que Maomé seja descendente direto de Ismael, baseado em pesquisas geográficas e étnicas.
Em face de tudo isso, parece claro que a descendência de Ismael apresentou traços culturais, raciais e lingüísticos com algumas linhagens árabes existentes nos dias de hoje. Além disso, as próprias evidências históricas fortalecem a idéia de que os árabes são descendentes de Ismael, mas isso não significa afirmar que a totalidade dos árabes é descendente de Ismael.
Outras descendências
Descendentes de Jotão
Alguns árabes se referem a si mesmos como descendentes de Jotão (os árabes lhe chamam de Kahtan) e uma das tribos mais famosas que descendiam dele era Sabá, da qual os descendentes fundaram o reino de Sabá, no Iêmen, incluindo a renomada rainha de Sabá (chamada pelos árabes de Bilquis). A visita dessa rainha a Jerusalém, durante reinado de Salomão, é um exemplo de como o povo de Deus teve influência das “arábias”, mesmo nos tempos do Antigo Testamento. Salomão escreveu um dos salmos messiânicos (Sl 72), parcialmente, tendo Sabá em mente (veja os versículos 10 e 15). Jesus falou positivamente sobre a rainha de Sabá (Mt 12.42).
Aparentemente, pelo menos algumas das tribos semíticas adoravam o Deus de Sem, mesmo sem conhecê-lo inteiramente.
Descendentes de Ló
No final do capítulo 19 de Gênesis, observamos o aparecimento de duas linhas genealógicas, os moabitas e os amonitas.
Os moabitas foram descendentes de Ló e sua filha mais velha (Gn 19.30-37). Eles eram arrogantes e inimigos de Israel, mas Deus estava, mais uma vez, usando os babilônios como medida disciplinadora. Isaías (Capítulos15 e 16) e Jeremias (Capítulo 28) predisseram a queda de Moabe e a redução de um povo arrogante a um povo débil. Os moabitas viveram em sítios vizinhos aos seus irmãos amonitas.
Os amonitas eram descendentes de Amon, filho mais novo de Ló (Gn 19.38) e da sua filha mais jovem. Em Juízes 3.13, lemos que esse povo se mostrou hostil para com Israel. Uniu-se em ataque combinado a Israel com outros adversários do povo de Deus. A capital deles era Rabá. Posteriormente, essa cidade tomou o nome de Filadélfia, em honra a Ptolomeu Filadelfo. Atualmente, chama-se Aman, capital da Jordânia. A língua deles era semítica. Hoje, todas aquelas regiões são árabes.4 A raça amonita desapareceu misturada com outras raças semitas.
Embora não seja possível afirmar com precisão, podemos supor, juntamente com muitos estudiosos em genealogias, que há uma grande possibilidade de alguns árabes de hoje serem descendentes não somente de Ismael, mas também de Ló.
Descendentes de Esaú
Esaú, da linhagem de Isaque, teve como uma de suas esposas Maalate ou Basemate, irmã de Nebaiote, da linhagem de Ismael (Gn 28.9; 36.3). As “crianças de Isaque” estavam se misturando com as “crianças de Ismael”, nascendo assim outra linhagem genealógica. Com isso, nasce Reuel, que gerou Naate, Zerá, Samá e Mizá (Gn 36.13). Certamente, muitos árabes hoje apresentam suas genealogias oriundas dessa estranha, mas verdadeira fusão.
Outra descendência de Abraão
Depois que Isaque se casou com Rebeca, Gênesis 25 diz que Abraão desposou outra mulher, Quetura, e com ela teve outros filhos. Abraão, já em idade avançada, criou outra família! Todos os filhos de Quetura, eventualmente, tornaram-se chefes das tribos árabes. Uma dessas tribos era Midiã; os midianitas se opuseram ao Israel do profeta Balaão, porém, nem todos os midianitas eram contra os hebreus. Moisés se casou com Zípora, a filha de Jetro (Êx 2.16-22), que também era chamado de sacerdote de Mídia. Jetro reconhecia o Deus verdadeiro e até mesmo deu bons conselhos a Moisés que agradaram a Deus (Êx 18). Os midianistas, certamente, tiveram alguma revelação de Deus por intermédio de seu pai, Abraão.
Portanto, vemos claramente que os árabes em geral, que reivindicam ter Abraão como pai, certamente pertencem à mesma família e estão ligados a Israel.
A revista Veja apresentou uma reportagem em que as várias populações judaicas não apenas são parentes próximas umas das outras, mas também de palestinos, libaneses e sírios. A descoberta significa que todos são originários de uma mesma comunidade ancestral, que viveu no Oriente Médio há quatro mil anos. Em termos genéticos, significa parentesco bem próximo, maior que o existente entre os judeus e a maioria das outras populações. Quatro milênios representam apenas duzentas gerações, tempo muito curto para mudanças genéticas significativas. O resultado da pesquisa é coerente com a versão bíblica de que os árabes e os judeus descendem de um ancestral comum, o patriarca Abraão.
Os árabes de hoje e as bênçãos dadas à descendência de Abraão
Por conveniência, definimos os árabes como o povo que fala o árabe, como língua mãe, e que vive na península arábica e regiões circunvizinhas. Hoje, existem diferentes tipos de etnias dentro da região árabe. Algumas nações se tornaram árabes, pois foram arabizadas, como o Sudão e a Somália. Outras realmente descendem das linhagens dos antepassados. Mas, afinal, os ismaelitas (filhos de Ismael) são os árabes de hoje?
Flávio Josefo, historiador judeu, declara que Ismael é pai da nação árabe, conforme crêem os árabes. Segundo Josefo, não podemos descartar a profecia de Isaías, que diz que os ismaelitas adorarão o Messias.
Raphael Patai, um judeu, declara em seu livro, Semente de Abraão, que o termo “árabe” está contido nas mesmas inscrições com o termo “Quedar”, filho de Ismael, no século 9 a.C., nas epígrafes assírias. Patai também encontrou provas que mostram que os árabes foram sinônimos dos “nabateus”, descendentes de Nebaiote.
Em verdade, o mundo árabe hoje é oriundo de um mosaico de etnias, haja vista as diferentes genealogias formadas no decorrer da história. Talvez, Mahmud, Hassan ou quaisquer outros árabes, sejam descendentes de Ismael, por intermédio da descendência de Nebaiote ou Quedar, ou até mesmo por Ló, ou pela nova família de Abraão com Quetura. Não podemos também descartar a possibilidade de os árabes serem descendentes da fusão entre as crianças de Isaque com as de Ismael ou até mesmo por intermédio de Jotão. Em todas essas possibilidades, encontramos a genética do pai Abraão.
A promessa de Deus a Abraão foi clara e específica: “O seu próprio filho será o seu herdeiro” (Gn 15.4). Mas a grande questão é a seguinte: esta promessa de descendência deve ser entendida em termos raciais ou espirituais?
O apóstolo Paulo esclarece a questão em sua carta aos gálatas: “Ora, as promessas foram feitas a Abraão e a seu descendente. A Escritura não diz: E a seus descendentes, como falando de muitos, mas como de um só: E a teu descendente, que é Cristo” (Gl 3.16).
Todas as promessas feitas a Abraão são cumpridas em Jesus. É por meio do maior Filho de Abraão, Jesus, que a bênção falada em Gênesis alcançará os povos do mundo. A linhagem racial se torna minúscula quando sabemos que podemos ser herdeiros de Abraão, ainda que não sejamos árabes ou judeus.
Jesus nasceu no tempo determinado por Deus (Gl 4.4), como o “descendente” de Abraão. A relação que temos com Jesus se torna fator determinante se pertencemos realmente a Deus ou não.
Paulo resume isso definitivamente ao declarar: “Se vocês são de Cristo, são descendentes de Abraão e herdeiros segundo a promessa” (Gl 3.26,27, 29).
Louvamos a Deus, pois milhares de árabes encontraram Jesus nestes últimos tempos. E na Bíblia, além dos versículos já mencionados, existem muitos outros que nos dão a esperança de que os árabes, eventualmente, serão salvos. Isaías 60.6,7 relata sobre um tempo em que a glória do Senhor será manifestada: “A multidão de camelos te cobrirá, os dromedários de Midiã e Efá [os descendentes de Abraão por intermédio de Quetura]; todos virão de Sabá [descendentes de Jotão]; trarão ouro e incenso e publicarão os louvores do SENHOR. Todas as ovelhas de Quedar [descendentes de Ismael] se reunirão junto de ti; servir-te-ão os carneiros de Nebaiote; para o meu agrado subirão ao meu altar, e eu tornarei mais gloriosa a casa da minha glória”.
Finalmente, quando olhamos para o Novo Testamento, lá estavam os árabes no dia de Pentecoste (At 2.11). Deus, realmente, quer que sua mensagem alcance os árabes, porque Allahu Mahabba — “Deus é amor”.
Temos de acreditar que Deus salvará os árabes, seja qual for a sua descendência. Que os milhões de árabes possam ser realmente inseridos na descendência espiritual de Abraão, por intermédio de Jesus, e que a igreja evangélica seja capaz de reconhecer e compreender as promessas dirigidas a esse povo.
O nascimento de Ismael
“Ora Sarai, mulher de Abrão, não lhe dava filhos, e ele tinha uma serva egípcia, cujo nome era Agar.
“E disse Sarai a Abrão: Eis que o SENHOR me tem impedido de dar à luz; toma, pois, a minha serva; porventura terei filhos dela. E ouviu Abrão a voz de Sarai.
“Assim tomou Sarai, mulher de Abrão, a Agar egípcia, sua serva, e deu-a por mulher a Abrão seu marido, ao fim de dez anos que Abrão habitara na terra de Canaã.
“E ele possuiu a Agar, e ela concebeu; e vendo ela que concebera, foi sua senhora desprezada aos seus olhos.
“Então disse Sarai a Abrão: Meu agravo seja sobre ti; minha serva pus eu em teu regaço; vendo ela agora que concebeu, sou menosprezada aos seus olhos; o SENHOR julgue entre mim e ti.
“E disse Abrão a Sarai: Eis que tua serva está na tua mão; faze-lhe o que bom é aos teus olhos. E afligiu-a Sarai, e ela fugiu de sua face. E o anjo do SENHOR a achou junto a uma fonte de água no deserto, junto à fonte no caminho de Sur.
“E disse: Agar, serva de Sarai, donde vens, e para onde vais? E ela disse: Venho fugida da face de Sarai, minha senhora. Então lhe disse o anjo do SENHOR: Torna-te para tua senhora, e humilha-te debaixo de suas mãos.
“Disse-lhe mais o anjo do SENHOR: Multiplicarei sobremaneira a tua descendência, que não será contada, por numerosa que será.
“Disse-lhe também o anjo do SENHOR: Eis que concebeste, e darás à luz um filho, e chamarás o seu nome Ismael; porquanto o SENHOR ouviu a tua aflição.
“E ele será homem feroz, e a sua mão será contra todos, e a mão de todos contra ele; e habitará diante da face de todos os seus irmãos.
“E ela chamou o nome do SENHOR, que com ela falava: Tu és Deus que me vê; porque disse: Não olhei eu também para aquele que me vê?
“Por isso se chama aquele poço de Beer-Laai-Rói; eis que está entre Cades e Berede.
“E Agar deu à luz um filho a Abrão; e Abrão chamou o nome do seu filho que Agar tivera, Ismael.
“E era Abrão da idade de oitenta e seis anos, quando Agar deu à luz Ismael” (Gn 16.1-16)


Notas de referência:

1 FROESE, Arno.Conflito em família no Oriente Médio. www.chamada.com.br
2 MCCURRY, Don. Esperança para os muçulmanos. Ed. Descoberta, p.8-23, 1999.
3 SHAMOUN, Sam. Ishmael is not the father of Muhammad. www.answering-islam.org
4 The Arabs in Bible Prophecy. www.chrisadelphia.org/archive/arabs.html
517/5/2000, p. 86.

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