segunda-feira, 2 de julho de 2012

 A ORAÇÃO DE JABEZ


 

 

                                       

Porque Jabez invocou o Deus de Israel, dizendo: Se me abençoares muitíssimo, e meus termos ampliares, e a tua mão for comigo, e fizeres que do mal não seja afligido! E Deus lhe concedeu o que lhe tinha pedido.    1CRONICAS 4:10

MANTENHA SEGURA A HERANÇA

“E me preserves do mal”

Um anúncio de página inteira numa revista mostra um gladiador romano em apuros. Sua espada está caída no chão. O leão furioso está de bote armado, com a boca aberta. A multidão no Coliseu, em pé, assiste horrorizada ao gladiador apavorado tentando fugir. No pé da página lê-se a seguinte frase: “Não é sempre que você pode dar-se ao luxo de ser o segundo colocado”.
Depois de pedir e receber bênçãos sobrenaturais, influência e poder, Jabez poderia ter imaginado que era capaz de entrar em qualquer arena e enfrentar qualquer leão – e vencer. Você poderia pressupor que uma pessoa com a mão de Deus sobre si oraria dizendo: “Protege-me no meio do mal”.
Mas Jabez sabia o que aquele gladiador mal fadado não entendia. A melhor estratégia para vencer o leão bravio é manter-se fora da arena. É por isso que a parte final de sua oração trata do pedido para que Deus o mantenha fora da briga.
E me preserves do mal.
O último pedido de Jabez é uma estratégia brilhante, mas pouco entendida, para manter uma vida abençoada. Afinal, à medida que sua vida transcende o comum e começa a conquistar novos territórios para Deus, adivinhe de quem é o terreno que você está invadindo?
No capítulo anterior, aprendemos a pedir poder sobrenatural para trabalharmos apesar de nossas fraquezas. Neste capítulo, rogamos por proteção sobrenatural contra Satanás e contra a capacidade dele de fazer-nos chegar em segundo lugar.

Os perigos do sucesso espiritual

É fato comprovado que o sucesso traz consigo grandes oportunidades de fracasso. É só dar uma olhada nos líderes cristãos que caíram em pecado, foram dispensados de seus ministérios e deixaram atrás de si uma enorme quantidade de pessoas abaladas, desiludidas e machucadas. Como alguém já disse, ser abençoado é o maior dos perigos, pois “isto tende a anular nosso senso de dependência de Deus e nos deixa propensos à arrogância”.
Quanto mais você caminha numa vida cheia de bênçãos sobrenaturais, mais precisa do apelo final da oração de Jabez. Você enfrentará mais ataques dirigidos a você e sua família. Ficará familiarizado com os dardos inflamáveis do inimigo – distração, oposição e opressão, apenas para começar. Na verdade, se sua experiência não for assim, tome cuidado.
Nunca me esquecerei de uma conversa que ouvi no seminário entre um aluno e seu mentor, o professor Howard Hendricks. O aluno estava ansioso por dizer ao Dr. Hendricks como sua vida estava bem.
- Na primeira vez em que estive aqui – disse o estudante – eu estava sendo tão tentado e provado que mal conseguia manter minha cabeça fora da água. Mas agora – glória a Deus – minha vida no seminário está muito tranqüila. Não estou sentindo tantas tentações quanto antes!
Hendricks, no entanto, ficou preocupado – reação que o aluno não esperava.
- Esta é a pior coisa que eu poderia ter ouvido – disse o mentor ao aluno surpreso. – Isto mostra que você não está mais na batalha! Satanás não está mais preocupado com você.
Fomos redimidos e convocados para as linhas de frente da batalha. É por isso que orar para ser preservado do mal é parte tão importante de uma vida abençoada.
Assim como muitas outras pessoas, descobri que é justamente após um grande momento de sucesso espiritual que preciso com mais urgência desta última parte da oração de Jabez. Paradoxalmente, é o momento em que fico mais propenso a olhar para a fonte de minhas forças de maneira mais errada – e perigosa.
Anos atrás, tomei um táxi no centro da cidade de Chicago, que me levaria até o aeroporto. Desabei no banco de trás, exausto depois de uma semana de reuniões no Instituto Bíblico Moody. Deus se manifestara de maneiras impressionantes. Eu tinha pregado todos os dias e aconselhei um grande número de alunos – 76 para ser mais preciso (registrei tudo no meu diário). Agora, indo para casa, estava física e espiritualmente exaurido. Olhando a esmo para o tráfego, pensei na oração de Jabez. “Oh Senhor, orei – Não tenho mais forças. Estou completamente exausto em função de Tua obra. Não posso lidar com a tentação. Peço-te que me preserves do mal”.
Quando embarquei no avião, descobri que me deram um assento no meio, o que não era um bom começo para minha viagem. E as coisas foram piorando. O homem ao meu lado sacou uma revista pornográfica. “Senhor, pensei que tivéssemos feito um acordo” – resmunguei no meu espírito, virando para o outro lado. Mas antes de o avião levantar vôo, o homem do outro lado tirou de sua pasta outra revista masculina.
Naquele momento eu não estava propenso a pedir que os dois homens mudassem sua leitura, Fechei os olhos e orei: “Não posso lidar com isso hoje. Senhor, por favor, manda este mal embora”!
De repente o homem da minha direita reclamou de algo e dobrou sua revista e a colocou de lado. Olhei para ele para ver o que o levara a agir desta maneira. Nada, até onde pude perceber. Então, o homem à minha esquerda olhou para o outro passageiro, também resmungou e fechou sua revista. Mais uma vez não pude enxergar a razão aparente daquela atitude.
Estávamos sobre Indiana quando comecei a dar gargalhadas incontroláveis. Os dois me perguntaram o que havia de tão engraçado.
Senhores – disse eu – vocês não acreditariam se eu lhes contasse.

Brincando de ficar distante

Chegamos agora a uma das fortalezas ocultas de Satanás na vida dos cristãos. Em minha experiência, a maioria dos cristãos parece orar simplesmente pedindo forças para suportar a tentação – pela vitória contra os ataques de nosso feroz inimigo, Satanás.
Por alguma razão não pensamos em pedir que Deus simplesmente nos mantenha longe da tentação e que mantenha o diabo encurralado, fora de nossas vidas.
Porém no modelo de oração que Jesus deu a seus discípulos, quase um quarto de suas palavras pedem libertação: “e não nos deixes cair em tentação, mas livra-nos do mal” (Mt 6:13). Nada sobre visão espiritual ou poderes especiais. Nem uma palavra sequer sobre confrontação.
Quando foi a última vez que você pediu a Deus para ficar livre da tentação? Do mesmo modo que Deus quer que você peça mais bênçãos, fronteiras mais amplas e mais poder, ele deseja ouvir de você seu pedido de afastamento do mal.
Sem a tentação, nós não pecaríamos. A maioria de nós enfrenta muitas tentações – e, portanto, peca com freqüência demasiada – porque não pedimos a Deus que nos conduza para longe da tentação. Portanto, amadurecemos muito quando começamos a nos concentrar menos em derrotar a tentação e mais em evita-la.
Embora tivesse todas as legiões do céu a sua disposição, até mesmo Jesus orou pedindo libertação. Mesmo com sua perspicácia divina, Jesus se recusou a entrar numa discussão com Satanás durante a tentação no deserto, na qual o inimigo lhe fez ofertas sedutoras.
À medida que penetramos mais fundo no reino do miraculoso, aprendemos que a guerra mais eficiente contra o pecado é orar para que não tenhamos de lutar contra tentações desnecessárias. E Deus nos oferece seu poder sobrenatural para fazer exatamente isso.

Deitando as Armas

A arena da tentação normalmente é território inimigo. Não quero dizer com isso que ser tentado é a mesma coisa que pecar – este é mais um dos enganos de Satanás. O que estou afirmando aqui é que somos levados a expurgar o mal das esferas de nossa experiência subjetiva. Este terreno não é neutro, pois somos criaturas caídas que possuem uma compreensão limitado, como Satanás sabe bem. Neste contexto, até mesmo nossas melhores armas (humanamente falando) podem nos levar à derrota. Considere, por exemplo, as “armas” da sabedoria, da experiência e dos sentimentos:

Sua Sabedoria – Ela funciona muito esporadicamente, na melhor das hipóteses, pois a natureza do mal é enganar com um pouco de verdade – não toda a verdade, mas uma parte suficiente para nos deixar em dúvidas. Adão e Eva não eram mais propensos a sucumbir à tentação do que nós somos hoje. A verdade é que eles, ao contrário de nós, eram perfeitos em todos os aspectos d nenhuma de suas necessidades deixou de ser atendida. Satanás abordou a raça humana no ponto mais alto de sua promessa e de seu desempenho – e nos destruiu com uma simples conversa amigável.
É por isso que, como Jabez, devemos orar pedindo proteção contra o engano:
Senhor, afasta-me de cometer os erros nos quais estou mais propenso no momento em que chega a tentação. Confesso que aquilo que julgo ser necessário, inteligente ou pessoalmente benéfico em geral é apenas um belo disfarce para o pecado. Assim, peço-te que me preserves do mal.

Sua Experiência – Quanto mais penetramos em novos territórios para Cristo, menos nossos flancos estão protegidos contra os ataques de Satanás. Alguém já disse: “O perigo não está em colocar à beira do precipício, mas em estar desatento”. Uma pequena tolerância ao orgulho ou à confiança em si mesmo pode trazer um desastre. A mais profunda tristeza que constatei na vida de outros cristãos está entre aqueles que experimentam enormes bênçãos, alargaram suas fronteiras, receberam poder... E caíram em sérios pecados.
Tal como Jabez, devemos orar pedindo que sejamos poupados dos julgamentos errados:
Senhor, afasta-me da dor e da tristeza que o pecado traz. Coloca uma barreira diante dos perigos que eu não posso ver e daqueles que eu acho que posso enfrentar devido a minha experiência (ou orgulho ou falta de cuidado). Protege-me, Senhor, com o teu poder!

Seus Sentimentos – Será que compreendemos mesmo quanto nossos sonhos humanos estão longe do sonho que Deus tem para nós? Estamos imersos numa cultura que valoriza a liberdade, a independência, os direitos pessoais e a busca pelo prazer. Respeitamos as pessoas que se sacrificam para conseguir aquilo que querem. Mas e quanto a ser um sacrifício vivo? A negar-se a si mesmo?
Do mesmo modo como Jabez orou, devemos pedir que sejamos afastados daquilo que nos parece correto, mas que na realidade está errado:
Senhor, afasta-me das tentações que apelam às minhas emoções e às minhas necessidades físicas, daquelas que penso (equivocadamente) que mereço, ou que tenho o direito de desfrutar. Tu és a fonte de tudo aquilo que é verdadeiramente vivo, e por isso, peço-te que dirijas os meus passos para longe de tudo o que não vem de ti.
Estes são pedidos de libertação que nosso Pai tem prazer em ouvir – e responder.

Testemunha da liberdade

Uma vez que Satanás se opõe de maneira mais contundente àqueles que começam a se tornar uma grande ameaça a ele e a seu reino, quanto mais Deus responder a suas orações de Jabez mais você deverá se preparar para enfrentar ataques espirituais.
Há momentos, porém, em que você não pode se afastar do mal porque, pelo poder de Deus, você estará tentando lançar um ataque fulminante contra as trevas. Nesses momentos você pode se manter confiantemente firme contra o inimigo com aquilo que Paulo chama de “as armas da nossa milícia” (2Co 10:4).
Lembro-me de uma reunião nos primeiros anos do movimento Promise Keepers. Os 25 membros de nossa diretoria se reuniram em oração, pouco antes do início do evento ao qual compareceram dezenas de milhares de pessoas, no estádio logo abaixo de nós. A opressão era tão forte que tropeçávamos em nossas palavras e ficávamos calados. A menos que derrotássemos aquela oposição tão intensa, sabíamos que não haveria razão para darmos início ao programa. Por fim, um dos membros se levantou e começou a atacar o mal com a verdade.
- Irmãos, a vitória já é nossa – declarou ele, confiadamente, enquanto nós continuávamos de joelhos. Com total determinação, ele começou a orar mencionando a verdade da vontade de Deus para aquele dia. Sua memorável oração foi algo mais ou menos assim:
Senhor, é a tua vontade que busquemos a tua bênção para esta grande multidão de homens e suas famílias! Sabemos que é teu profundo desejo conquistar áreas para o teu reino nesta geração, neste dia da história, neste estádio! E já te agradecemos o que farás aqui.
A essa altura, o máximo que o resto do grupo conseguia fazer era concordar com ele em oração, colocando-se nas mãos do Senhor para que ele agisse em nós e a nosso favor. O peso que sentíamos era quase impossível de suportar. Mas a oração de nosso líder não parou ali:
Pai, é teu profundo e imutável desejo que teu Espírito Santo esteja aqui – e ele está aqui em nosso meio – movendo-se entre as fileiras de homens que se reuniram neste recinto. Tu estás aqui para trabalhar numa dimensão sobrenatural que mal podemos compreender, mas que sinceramente ansiamos. Diante de teu nome, Senhor Jesus, que todo poder na terra se dobre ou seja exterminado.
Em alguns momentos de sua oração sentimos um romper de barreiras. Nossos apelos desesperados se transformaram em louvores e adoração. Sabíamos que tínhamos testemunhado a liberdade do Espírito. Caminhamos juntos, firmemente em direção ao centro do estádio para proclamar com ousadia os abundantes resultados daquilo que havia sido conquistado em oração.

Um legado de triunfo

Acho que Jabez teria gostado daquela oração. Ele quis viver livre do fardo do mal porque o caráter irretocável de Deus e a imutável palavra do Senhor haviam mostrado algo inimaginavelmente melhor.
“Fique fora da arena da tentação sempre que for possível”, teria dito ele, “mas nunca viva no temor da derrota. Pelo poder de Deus você poderá manter segura a sua herança de bênçãos”.
Você crê que nosso Deus sobrenatural vai preserva-lo do mal e proteger seu investimento espiritual? Jabez certamente cria e agiu de acordo com o que tinha em seu coração. Dali em diante sua vida foi poupada da dor e do sofrimento que o mal traz.
Paulo disse aos Colossenses que Deus lhes “deu vida juntamente com ele (Cristo)” e que “despojando os principados e as potestades, publicamente os expôs ao desprezo, triunfando deles na cruz” (Cl 2: 13-15).
Que maravilhosa declaração de vitória! Através de Cristo, podemos viver em triunfo – não em tentação ou derrota. Fazendo do quarto trecho da oração de Jabez uma parte integrante de nossa vida, estamos prontos para prosseguir rumo a um nível mais alto de honra, além de incrementar exponencialmente nossas bênçãos.
Eis o porque: ao contrário da maioria dos portfólios de ações, no Reino de Deus, o investimento mais seguro é também aquele que mais rende.

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