Cristãos sem igreja! Será possível entender isso? (LUIZ SAYÃO)
Apesar de tantas
perseguições, divisões e muitas heresias destruidoras e do grande
progresso tecnológico e científico, a igreja de Cristo continua viva e
forte no mundo de hoje. A verdade é que milhões de pessoas estão se
convertendo a Cristo anualmente em todo o mundo, especialmente no
Brasil. Apesar disso, as lutas externas e internas da igreja são
inúmeras. Dentre os diversos problemas que afligem a igreja de hoje
destaca-se a onda do “cristianismo sem igreja”.
Na
realidade, algumas das tendências contemporâneas da sociedade atual têm
contribuído para a elaboração de um “cristianismo diferente”, isto é,
um cristianismo de massa, despersonalizado e individualista. Essa nova
tendência tem contribuído para produzir um cristianismo sem igreja.
Vamos analisar algumas das características desse desequilíbrio:
1) Rejeição da cruz. Há uma certa tendência de estabelecer a oposição entre a pessoa
de Deus e o sofrimento. Todo sofrimento e sacrifício pessoal é
rejeitado por muita gente que se diz cristã. Em grande parte do mundo
evangélico existe uma “busca frenética de felicidade imediata”. Como
dizem alguns: “Quem tem Jesus não sofre mais”. Por essa razão, muitos
fogem da igreja, pois querem evitar sofrimento. O desafio da comunhão
com o próximo implica em sofrimento!
2) Espiritualidade individualista. Grande parte da espiritualidade de hoje é
voltada principalmente para as experiências individuais e emocionais.
Para muitos a intensidade da experiência espiritual individual prova que
a ação de Deus foi mais poderosa. Perdoar o outro, aumentar o salário
da empregada, ser um cidadão politicamente responsável não são vistos
como marcas espiritualidade; por outro lado, sentir arrepios na coluna,
paz no coração, gritar no louvor, desmaiar de tanto poder, etc., são
sinais de grande espiritualidade. Essa visão narcisista vê o irmão em
Cristo como alguém que pode “atrapalhar” a “espiritualidade profunda”,
pois Deus só é encontrado na individualidade e na experiência sensorial
intensa.
3) Rejeição de autoridade. Há gente que não quer fazer parte da
igreja, por não aceitar submeter-se a nenhuma autoridade. Muitas são as
pessoas que não querem prestar contas da vida a ninguém. Só procuram
alguém que aceite sua maneira de pensar. São pessoas muito críticas, que
só não criticam a si mesmas. Sentem-se donas da verdade, sendo escravos
de seus próprios interesses pessoais.
4) Consumismo da Fé. Muitos hoje vêem a igreja, e o próprio evangelho, como uma
mercadoria a ser consumida. Não têm compromisso e procuram igrejas como
um cliente. Em alguns casos, há aqueles que costumam freqüentar diversas
igrejas. Numa “consomem” a boa mensagem do culto. Noutra “compram” o
louvor mais “animado”, e ainda numa terceira “desfrutam” da escola
bíblica para adquirir mais informações. Tais pessoas não se vêem como
servos que devem doar-se para o Reino. Querem apenas ser agradadas. Não
enxergam o conceito de corpo, de coletividade; não podem ver que a obra
de Deus é sustentada pelo esforço de todos.
O Novo Testamento é claro quando afirma a
necessidade da igreja local, expressão concreta da igreja universal. A
epístola aos Efésios e as pastorais são textos que falam com
profundidade da igreja e devem ser estudadas com muita atenção. Os
escritos neotestamentários enfatizam a igreja enquanto reunião dos
salvos em Cristo. Juntos adoram a Deus, estudam sua Palavra,
edificam-se, proclamam a salvação, desenvolvem seus dons e manifestam o
amor ao próximo.
Do ponto de vista de Deus, o cristão sem
igreja é um herege. A oração cristã por excelência é o “Pai Nosso” e não
o “Pai Meu”. O próprio Jesus enfatizou a importância do grupo (Mt
18.19-20) quando afirmou que está presente entre “dois ou três reunidos
em seu nome”. Como é possível perdoar o outro se me isolo? Como posso
desenvolver o meu dom espiritual sozinho? Como fazer missões sem a
comunidade da fé? Como crescer espiritualmente sem fazer parte de uma
igreja? Cristão sem igreja é um absurdo! A verdade é que por trás de uma
crítica feroz contra a Igreja escondem-se a avareza, a arrogância, o
ódio, a insubmissão, a falta de perdão, o comodismo, a frieza espiritual
ou algum pecado oculto.
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