O RESGATE E A RESTITUÍÇÃO DO HOMEM
A restituição – a conseqüência lógica do resgate. |
DE
ACORDO com o desenho do plano revelado de Deus, tal qual até agora está
delineado, vemos que seu propósito com respeito à raça humana é sua
restituição à perfeição e glória que perdeu no Éden. A melhor e
mais conclusiva evidência acerca deste assunto a achamos sem dificuldade
alguma, quando é considerada em seu verdadeiro valor a natureza e
amplitude do resgate.
A
restituição predita pelos apóstolos e profetas deve seguir o resgate
como justa e lógica conseqüência. Segundo dispôs Deus ao prover o
resgate, a menos os que obstinadamente resistem ao poder que o Grande
Salvador tem para resgatá-los, a humanidade em geral será libertada da
pena original, “do cativeiro da corrupção”, da morte, porque
de outra maneira o resgate não beneficiaria a todos.
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Cristo se deu a si mesmo
em resgate para todos — para que pudesse abençoar a todos. |
O
raciocínio de Paulo sobre o tema é bastante claro e enfático. Suas
palavras (Romanos 14:9, IBB) são como segue:
Isto
implica que o objetivo da morte e da ressurreição de nosso Senhor não
foi somente com a intenção de abençoar, governar e restaurar os
viventes do gênero humano, mas além disso, para poder adquirir a
autoridade e o pleno domínio tanto sobre os mortos como sobre os vivos,
assegurando para uns e outros os benefícios derivados de seu resgate.*
Para
poder abençoar a humanidade em geral e dar a cada um uma oportunidade de
alcançar a vida, Ele “se deu a si mesmo em resgate [o preço
correspondente] por todos”. A pretensão que “se deu em
resgate por todos”, mas que somente uns poucos dos redimidos
receberão qualquer dos benefícios resultantes, não deixa de ser absurda.
Tal
pretensão implicaria um dos dois: ou que Deus aceitou o preço do resgate
e logo injustamente recusou conceder a liberdade aos redimidos, ou que o
Senhor depois de redimir a todos não pôde ou não quis levar a efeito
seu benévolo desígnio original.
A
imutabilidade dos planos de Deus e a perfeição da justiça e amor
divinos se unem para rejeitar e contradizer semelhante idéia, e nos
proporcionam uma garantia de que o benévolo plano original para o qual o “resgate
por todos” serviu de base, em sua totalidade e “a seu tempo”
determinado por Deus, será levado a efeito, trazendo aos fiéis crentes a
bendita liberação fora da condenação adâmica junto com a oportunidade
para gozar de novo os direitos e as liberdades atribuídas aos filhos de
Deus, desfrutados antes de ocorrer o pecado e de ser pronunciada a
maldição.
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O resgate garante a todo homem uma oportunidade
para a vida. A experiência previa com o mal será uma vantagem grande durante a nova prova. |
Uma
vez que os verdadeiros benefícios e resultados do Resgate forem
compreendidos distintamente, em seguida, se dissipam todas as objeções
que possam apresentar-se quanto à sua aplicação universal. O “resgate
por todos” oferecido por “Cristo Jesus, homem”, a ninguém
proporciona nem garante a vida eterna ou bênção, mas garante a todo
homem outra oportunidade ou prova para obter a vida eterna.
A
primeira prova do homem, que deu por resultado a perda das bênçãos
concedidas no princípio, por causa do resgate provido por Deus se
torna para os leais de coração em uma verdadeira bênção em forma de
experiência. O fato de que todos são resgatados da primeira pena não é
uma garantia de que todos renderão uma absoluta obediência, sem a qual a
ninguém lhe será permitido viver eternamente, quando serão
individualmente provados para alcançar a vida eterna.
Por
meio da experiência atual com o pecado e sua pena amarga, o homem se
encontrará por completro prevenido, e quando por conseqüências do
resgate lhe será concedida a prova individual sob a supervisão de Quem
tanto os amou, que deu sua vida por eles, não querendo que ninguém se
perca, senão que voltem todos a Deus para alcançar a vida, podemos estar
seguros de que só os desobedientes voluntariosos hão de receber a
penalidade da segunda prova.
Essa
pena será a segunda morte, dela não haverá resgate nem liberação,
porque não haveria objetivo para outro resgate e prova. Naquele tempo já
todos terão saboreado e por completo apreciado o bem e o mal; todos haverão
experimentado a bondade e o amor de Deus; e todos terão gozado de uma
plena e suficiente oportunidade individual para conseguir a vida eterna
sob as condições mais favoráveis.
Não
poderia pedir-se mais, e tampouco se dará mais. De uma vez para sempre
essa prova decidirá quais seriam justos e permaneceriam em sua condição
santificada ainda sob mil provas a mais; e determinará também quais
continuariam sendo perversos, depravados e injustos, ainda sob esse mesmo
número de provas.
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“Pois como em Adão todos morrem, do mesmo modo
em Cristo todos serão vivificados.”
1 Coríntios 15:22 |
Seria
inútil conceder outra prova sob circunstâncias exatamente iguais da
primeira; não obstante, ainda quando as circunstâncias serão mais favoráveis,
os termos ou condições para alcançar a vida sob essa prova individual
serão os mesmos que foram na prova de Adão.
A
lei de Deus não variará no mais mínimo porque é inalterável, ainda
dirá: “A alma que pecar essa morrerá.” A condição do homem,
no tocante a seu meio ambiente, não será mais favorável do que foi no
Éden; a grande diferença consistirá em aumento do conhecimento.
A experiência
com o mal, em contraste com a experiência do bem que no transcurso da
prova vindoura todos têm que adquirir, constituirá a vantagem causante
da grande diferença entre a Segunda prova e a primeira, isso se deve a
que a Sabedoria divina e o amor promoveram o “resgate por todos”,
garantindo a cada um a bênção da nova prova.
Prova,
lei, condições ou circunstâncias mais favoráveis não podem ser
concebidas como razões para dar lugar a outro resgate ou a alguma outra
prova depois da Idade Milenária.
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O resgate liberta o pecador da primeira condenação. |
O
Resgate dado, a ninguém desculpa do pecado, nem tem por objetivo reputar
os pecadores como santos, abrindo-lhes campo para que logrem desfrutar de
uma sorte ou felicidade eternas.
Seu
raio de ação está limitado a libertar o pecador que desejar, fora da
primeira condenação e de seus resultados diretos e indiretos, colocando-o
novamente em prova, para alcançar a vida eterna; nesta prova, por meio da
própria obediência voluntária ou desobediência voluntária se
determinará se o indivíduo é digno ou não de gozar perpetuamente da
vida.
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A queda não tem ferido a todos os filhos de Adão igualmente. |
Não deveria tampouco presumir-se como muitos
presumem, que só com o fato de gozar de certo grau de civilização, e
com o ver ou possuir uma Bíblia, se tem por isto uma plena oportunidade
ou se está em prova para conseguir a vida. Deve perceber-se que a queda não
tem afetado da mesma maneira a todos os filhos de Adão.
Tão débeis e inatamente depravados alguns têm
vindo a existência, que são fácil presa de Satanás, o deus deste mundo,
quem depois de cegá-los, os deixa à mercê do pecado que os rodeia e
assedia; mais ou menos, todos se encontram sob esta influência a tal grau
que ainda quando quiserem fazer o que é bom, o mal está presente e mais
poderoso por causa do meio ambiente; e assim, o bem que eles compraziam-se
em praticar, lhes é quase impossível, enquanto que dificilmente podem
evitar o mal que desaprovam.
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Muito poucos desfrutam dos benefícios do resgate
agora, mas eventualmente todos o farão. |
Bastante reduzido é o número daqueles que na
atualidade, com ciência certa e por meio da experiência, têm conseguido
aperceber-se da liberdade que Cristo porporcionou aos que aceitam seu
resgate e se põem sob seu mando para serem guiados no futuro.
Estes poucos, a Igreja, cujos membros são chamados
e provados de antemão com o propósito especial de colaborar com Deus na
tarefa de abençoar o mundo diante do qual agora testificam para logo
governá-lo, abençoá-lo e julgá-lo em seu período de prova, são os únicos
que até certo grau gozam dos benefícios do resgate e se encontram agora em prova pela vida.
A estes poucos são lhes imputados (e recebem pela fé) todas as bênçãos
restituitórias que serão proporcionadas ao mundo durante a idade
vindoura. Ainda quando estes não têm sido aperfeiçoados atualmente, nem
restaurados à condição desfrutada por Adão, não obstante, e para
compensar a diferença, eles são tratados de uma maneira especial.
Por causa de sua fé
em Cristo são estimados como perfeitos, e conseqüentemente são
restaurados à perfeição e recobram o favor divino como se cessassem de
ser pecadores. Suas imperfeições e debilidades inevitáveis deixam de
ser-lhes atribuídas uma vez que hajam sido saldadas pelo resgate e por
estar encobertas com a perfeição do Redentor.
Assim vemos que por causa da sua posição
imputada a Cristo, a prova da Igreja é tão propícia como será a do
mundo quando chegar o seu turno. Todo o mundo virá ao pleno conhecimento
da verdade, e ao aceitar suas condições e requisitos, cada um deixará
de ser tratado como pecador e entrará a ocupar um posto como filho, para
quem estão preparadas todas as bênçãos da restituição.
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As provas da Igreja e do mundo são diferentes. |
Entre
as distintas experiências que caracterizam as provas do mundo e da Igreja,
se encontra a de que os obedientes dentre o mundo sem demora começarão
receber as bênçãos da restituição por meio da remoção gradual de
suas debilidades mentais e físicas, enquanto que a Igreja consagrada ao
serviço do Senhor até a morte, desce à morte e na primeira ressurreição
instantaneamente obtem a perfeição.
Outra
diferença entre as duas provas consiste nas circunstâncias mais favoráveis
da idade vindoura comparada com as desta; naquele tempo, as condições
sociais, o governo, etc., serão mais favoráveis para o exercício da
justiça, será premiada a fé e a obediência, e será castigado o pecado;
pelo contrário a prova da Igreja, sob o príncipe deste mundo, se realiza
sob circunstâncias adversas à retidão, a fé e a toda outra virtude.
No
entanto, e como já temos visto, isto terá sua compensação no prêmio
da honra e da glória pertencentes à natureza divina, que em adição com
a vida eterna está oferecida à Igreja.
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A extinção da vida é a penalidade do pecado. |
Ainda
quando não tomou lugar senão depois de novecentos e trinta anos de
agonia, quando desobedeceu, a morte de Adão era inevitável. Porque ele
se encontrava em processo de morte, todos seus filhos nasceram na mesma
condição moribunda, sem direitos de vida, e, o mesmo que seus pais,
morrem de um processo mais ou menos prolongado.
Deve-se
recordar, entretanto, que a pena pelo pecado não é a dor nem os
sofrimentos ocasionados pelo processo da morte — mas sim a própria
morte — a extinção da vida, em que culmina essa agonia, que é a
penalidade do pecado. O sofrimento é puramente incidental e existem
muitos que recebem a pena com pouco ou nada de dor.
Também
se deveria lembrar que quando Adão perdeu o direito da vida, para sempre
perdeu-o, e que dentre seus filhos, ninguém tem conseguido expiar sua
culpa nem recobrar a herança perdida. A raça inteira já está morta ou
moribunda, e se antes da morte nenhum de seus membros tem podido expiar
sua culpa, certamente não podem conseguir isto quando estão mortos —
quando estão privados da existência.
A
pena imposta pelo pecado não consistiu simplesmente em morrer mantendo o
direito e o privilégio de voltar mais tarde para a vida. Quando foi feita
presente a pena em que seriam incorridos, não foi avisado que haveria
liberação dela (Gênesis 2:17), e portanto, a restituição é um ato de
graça livre ou favor da parte de Deus.
Tão
logo como o homem incorreu na pena, ainda no momento de decretá-la, foi
feita alusão ao misericordioso e livre favor de Deus, o qual, uma vez
realizado, patenteará tão plenamente seu amor.
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A promesa ainda é segura — todos serão benditos nos tempos do refrigério. |
Se não
fosse pelo raio da esperança, vislumbrando em palavras de Deus quando
disse, que a descendência da mulher ferirá a cabeça da serpente, a raça
teria caído em total desespero; mas esta promessa dava a entender que
Deus tinha um plano em benefício da humanidade.
Quando
Deus jurou a Abraão que em sua descendência serão benditas todas as famílias
da Terra, foi abrangida uma ressurreição ou restauração de todos;
porque muitos já haviam morrido e outros desde aquele tempo morreram
igualmente sem serem abençoados.
Entretanto,
a promessa é ainda certíssima; quando venham os tempos de refrigério ou
da restauração (Atos 3:19, AL; IBB), então serão todos abençoados.
Sempre e quando que a palavra bênção indica favor, e como queira que
por causa do pecado foi retirado o favor de Deus, dando lugar à maldição,
a promessa além disso subentende que esta seria removida, e daria por
resultado o retorno do seu favor.
Também
implica ou que Deus se compadeceria, mudaria o seu decreto e inocentaria a
raça culpável, ou que tinha forjado um plano por meio do qual poderia redimi-la,
fazendo que outro homem pagasse a pena imposta sobre o homem.
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O filho de Abraão, Isaque, tipificou a Cristo
Jesus. Abraão e Isaque |
Deus
não deixou o Abraão em dúvidas acerca de seu plano, senão que por meio
de vários sacrifícios típicos que todos os que se lhe acercavam deviam
apresentar-lhe, lhe demonstrou que não podia nem queria escusar o pecado
nem o passaria por alto, e que a única maneira de apagá-lo e de abolir
sua pena era encontrando um sacrifício que fosse suficiente e que
correspondesse a ela.
Tal
coisa foi indicada a Abraão por meio de um tipo muito significativo: o
filho de Abraão, no qual se centrava a bênção prometida, teve que ser
oferecido em sacrifício antes de que ele pudesse abençoar, e dentre os
mortos Abraão em figura o recobrou. (Hebreus 11:19) Isaque nessa figura
representava a verdadeira descendência, Cristo Jesus, quem para que todos
os redimidos pudessem receber a bênção prometida, morreu redimindo toda
a humanidade.
Se
Abraão houvesse crido que Deus escusava e declarava inocente o culpado,
teria pensado que era volúvel e por conseguinte não houvesse confiado em
sua promessa. Suas deduções provavelmente teriam sido que se Deus mudava
de modo de pensar uma vez, nada impedia que o repetisse, e se arrependia-se
quanto à maldição da morte, não seria estranho que procederia de igual
maneira no concernente a bênção e favor prometidos.
No
entanto, Deus não deixa-nos em tal incerteza, Ele nos dá plena segurança
tanto de sua justiça como de imutabilidade. Não podia perdoar o culpado
apesar de que tanto amou o mundo que “nem mesmo a seu próprio Filho
poupou, antes o entregou [à morte] por todos nós.”
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Jesus deu uma satisfação plena para todos os homens. |
De
maneira que toda a raça se encontrava em Adão e nele perdeu a vida
quando este se pôs sob a sentença de condenação, igualmente quando
Jesus “se deu a si mesmo em resgate por todos”, sua morte
incluiu para a raça que Ele teria podido gerar.
Assim,
um preço correspondente ou satisfação plena em benefício de todos os
homens foi posto nas mãos da Justiça para ser aplicado “a seu
tempo”, e agora, Aquele que a todos nós comprou, tem
plena autoridade para restaurar a todos os que em seu nome cheguem a Deus.
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A
proposição é muito simples: A todos os que por causa do pecado de Adão têm
participado da morte, Jesus, nosso Senhor, quem morreu por eles e “se
deu a si mesmo em Resgate por todos”, quando sacrificialmente e diante
da lei quebrantada se constituiu em substituto de Adão, há de
brindar-lhes privilégios de vida. Ele morreu, “o justo pelos injustos,
para levar-nos a Deus”. (1 Pedro 3:18, AL; IBB)
Nunca
deveria passar-se por alto, no entanto, que todas as provisões divinas em
benefício de nossa raça reconhecem a vontade humana como fator no
conseguimento dos favores divinos tão abundantemente providos. Alguns têm
passado por alto este detalhe ao examinar o texto já citado. (Romanos 5:18,
19)
As
palavras do Apóstolo dão a entender como o julgamento da condenação
recaiu sobre toda a descendência de Adão, da mesma maneira, por meio da
obediência do nosso Senhor Jesus Cristo ao plano que o Pai havia traçado e
por meio do sacrifício de si mesmo em benefício nosso, a todos se estende
um dom misericordioso, a dádiva do perdão, que se for aceita, constituirá
uma justificação ou a base para alcançar a vida eterna.
Se só
o resgate, sem a aceitação de nossa parte, nos constituísse justos, o
texto nesse caso diria: pela obediência de um muitos foram constituídos
justos.
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Apesar
de que o Redentor tem dado já o preço do resgate, poucos são os que
durante esta Idade Evangélica têm sido “justificados” ou
feito justos “pela fé”, no seu sangue.
Mas,
desde que Cirsto é a propiciação (a satisfação) pelos pecados de todo
o mundo, sob o Novo Pacto e pela sua mediação todos os homens podem ser
absolvidos e libertados da pena que o pecado atraiu sobre Adão.
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||
A nossa penaldade nos tem sido pagado por Cristo. “Ressurgiu.” |
Deus
não procede injustamente, de modo que “se confessarmos os nossos
pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos
purificar de toda injustiça”. (1 João 1:9) Ele seria injusto se
teria nos permitido escapar da pena pronunciada sem ser satisfeita.
Do
mesmo modo nos dá a entender neste texto que seria injusto se impedisse
nossa restauração, sempre e quando que por sua própria disposição já
foi provido o preço correspondente para pagar a pena em nosso lugar. A
mesma justiça inflexível que anteriormente condenava a morte o homem,
agora garante a liberação de todos os que confessando os seus pecados,
desejam conseguir a vida por meio de Cristo Jesus.
Cristo
Jesus é quem morreu, ou antes quem ressurgiu dentre os mortos, o qual está
à direita de Deus, e também intercede por nós.” — Romanos 8:33, 34,
IBB.
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O
completo do resgate é o melhor e mais sólido argumento demonstrativo da
restauração de todos os que quiserem aceitá-lo em términos propostos.
(Apocalipse 22:17)
O
verdadeiro caráter da justiça e honra de Deus é a garantia disto; cada
promessa que Deus tem feito inclue isto, e todos os sacrifícios típicos
nos dirigem para o grandioso e suficiente sacrifício,
O
salário do pecado é a morte, por isso quando for cancelado o pecado, por
necessidade e no tempo oportuno o salário deve cessar. Qualquer outro
ponto de vista seria injusto e pouco razoável.
O
fato de que ainda não se tem efetuado a recuperaçao do perdido em Adão,
apesar de que hão transcorrido cerca de dois mil anos desde a primeira
vinda e a morte do Redentor, não poderia se apresentar como argumento
contra a restituição, porque tampouco seria argumento apresentá-lo como
prova de que Deus não havia formado o plano de redenção antes da fundação
do mundo, o fato de que transcorreram quatro mil anos antes de que viesse
o Redentor a morrer.
Tanto
os dois mil anos posteriores como os quatro mil anos que precederam a
morte de Cristo, foram períodos assinalados para outras partes da obra
preparatória dos “tempos da restauração de todas as coisas”.
|
||
Alguns têm sido cegados em parte, e alguns
completamente, por Satanás. Cada qual por si mesmo poderá ter uma plena oportunidade de provar, pela obediência ou desobediência, sua dignidade ou indignidade de vida eterna. |
Ninguém
deve supor apressadamente que esta opinião apresenta algum ponto em
conflito com o que as Escrituras ensinam que a fé em Deus, o
arrependimento do pecado e a reforma do caráter são requisitos indispensáveis
para alcançar a salvação.
Este
ponto o trataremos mais detidamente quando chegar seu turno; por agora nos
limitaremos a insinuar que muitos poucos tiveram uma medida de luz
suficiente para produzir uma fé completa, o arrependimento e a reforma.
Alguns
em parte, outros totalmente, têm sido cegados pelo deus deste mundo, e
eles precisam ser recuperados tanto da cegueira como da morte, para que
eles, cada qual por si mesmo, possam ter uma plena
oportunidade de provar, pela obediência ou desobediência, sua dignidade
ou indignidade de vida eterna.
Então,
aqueles que se mostrarem indignos dela, de novo morrerão, com a segunda
morte — da qual não haverá redenção nem ressurreição conseguinte.
A morte e todas as imperfeições ocasionadas pelo pecado de Adão serão
removidas, mediante a redenção que há em Cristo Jesus, mas a morte em
que incorre a causa de desobediência pessoal e apostasia voluntariosa, é
definitiva.
Este
pecado é imperdoável e seu castigo é eterno: não um tormento
eterno, mas a morte eterna, a segunda morte, uma morte que outra ressurreição
não a interromperá.
|
|
Num
volume subseqüente trataremos da filosofia do plano de redenção. Aqui
limitaremos a estabelecer o fato de que uma redenção por meio de Cristo
Jesus será tão extensa em seus benéficos resultados e oportunidades,
como foi o pecado de Adão no funesto e degradador; e isto, com o objetivo
de que todos os que participarem da condenação e sofreram por causa de
um, “a seu tempo” e com a mesma certeza, possam ser libertados
por outro.
Este
argumento bíblico, no entanto, não pode ser apreciado por alguém que não
esteja pronto a admitir que de acordo com as Escrituras a morte — a
extinção do ser — é o salário do pecado. Os que pensam que a morte
é a vida em tormento, a mais de não contar com o oposto significado das
palavras morte e vida, se colocam entre dois absurdos.
É
absurdo supor que Deus, por qualquer que tivesse sido a classe do pecado
cometido, e mais que tudo, comparativamente leve a ofensa de comer do
fruto proibido, perpetuasse a existência de Adão em tormento eterno.
E se
Jesus redimiu a humanidade, se morreu em nosso lugar, se chegou a ser
nosso resgate, e se baixou até a morte para que pudéssemos ser
libertados dela, não é o caso evidente que a morte sofrida por Ele pelos
injustos teve que ser exatamente igual a qual a raça achava-se condenada?
Por
ventura encontra-se Ele sofrendo um tormento eterno pelos nossos pecados?
Por não ser esse o caso, porque Ele morreu por nossos pecados, então
o castigo que por eles correspondia foi a morte, mas não a vida em nenhum
sentido ou condição.
|
||
A doutrina do tormento eterno é inconsistente com as Escrituras e o entendimento do Resgate. |
Parece
estranho o dizer, mas ainda quando a teoria do tormento eterno é
inconsistente com expressões como: “Cristo morreu pelos nossos
pecados”, “o Senhor fez cair sobre ele a iniqüidade de todos nós”,
e apesar de que é preciso abandonar uma ou outra idéia por ser incompatível,
com tudo existem alguns que tão tenazmente se aferram à idéia de
tormento e a consideram um bocado tão delicioso, que em desacato aberto
às Escrituras se aderem a ela e deliberadamente negam que Jesus deu-se em
preço do resgate pelo mundo, ainda quando esta é uma verdade que as páginas
da Bíblia ensinam.
|
|
É
Praticável a Restituição?
Segundo
alguns supõem, se os milhões que deixaram de existir levantarem, não
haveria na terra lugar suficiente para eles, e em caso de havê-lo, que a
terra não produziria o suficiente para a subsistência de uma povoação
tão imensa. Outros chegam até o extremo de afirmar que a terra é um
vasto cemitério e que no caso de se levantarem todos os mortos, teriam
que amontoar-se uns sobre os outros por falta de espaço
Este
é um ponto importante. Quão estranho seria que enquanto a Bíblia ensina
a ressurreição de todos os membros da raça, ao tomar as medidas da
Terra não encontrássemos campo suficiente para eles! Mas, achamos um cálculo
e se verá que este temor é infundado. O resultado demonstrará que a
Terra oferece amplo campo para “a restauração de todos”, assim como
Deus falou “pela boca de seus santos profetas”.
|
||
Si
todos os mortos fossem ressuscitados, haveria lugar bastante na terra? |
Suponhamos
que desde a criação do homem transcorreram seis mil anos, e que hoje em
dia (1886) um bilhão e quatrocentos milhões de serews humanos povoam a
terra. Sabemos qoue nossa raça começou com um par só, entretanto,
sejamos liberais e façamos conta de que no princípio havia tanta gente
como agora, e que o número nunca foi menor ainda quando na realidade o
dilúvio reduziu a povoação do mundo a oito pessoas.
Uma
vez mais sejamos liberais e a um século calculemos três gerações, ou
seja trinta e três anos para cada uma, apesar de que conforme o capítulo
5 de Gênesis, desde Adão até o dilúvio, um período de mil seiscentos
e cinqüenta e seis anos, só existiram onze gerações, o que equivale a
cento cinqüenta anos ou mais ou menos para cada uma.
Seis
mil anos são sessenta séculos; três gerações para cada século dão
um total de cento e oitenta gerações desde Adão, e a razão de um bilhão
e quatrocentos milhões em cada geração, este cálculo exagerado daria
um resultado de duzentos e cinqüenta e dois bilhões (252.000.000.000)
como número total da nossa raça desde a criação até a atualidade, o
qual é provavelmente mais de duas vezes o número verdadeiro.
|
|
Aonde
acharemos campo suficiente para esta grande multidão? Tomemos algumas
medidas para ver em que paramos. O estado de Texas, nos Estados Unidos,
tem uma superfície de duzentos e trinta e sete mil milhas quadradas. Uma
milha contém vinte e sete milhões oitocentos e setenta e oito mil
quatrocentos pés quadrados, e portanto, em Texas se encontram seis trilhões
seiscentos e sete bilhões cento e oitenta milhões e oitocentos mil
(6.607.180.800.000) pés quadrados.
Se
atribuímos dez pés quadrados de superfície para cada corpo morto, as
cifras nos provam que Texas como cemitério teria dentro de si seiscentos
e sessenta bilhões setecentos e dezoito milhões e oitenta mil
(660.718.080.000) corpos humanos, ou quase três tantos do exagerado número
em que temos calculado os que têm vivido sobre a terra.
|
||
Posta
em pé, o espaço que ocupa uma pessoa é pouco menos de dois pés
quadrados. Nesta proporção, a população atual do mundo (um bilhão
quatrocentos milhões — 1886 d. C.) muito bem podia parar numa área de
oitenta e seis milhas quadradas, uma área menor que a da cidade de
Londres ou de Filadélfia.
A
ilha de Irlanda, (com área de trinta e duas milhas quadradas de superfície)
proporcionaria campo para que ficassem de pé mais do que o dobro das
pessoas que têm vivido no mundo, apesar de exagero do nosso cálculo.
—
O Resgate garante a Restituição.
— O que se obtêm com o Resgate não é a Vida Eterna mas a oportunidade para ganhá-la. — As condições e vantagens desta prova. — Necessidade do sacrifício de Jesus. — Como a raça podia ser e foi redimida pela morte de uma pessoa. — A Fé e as obras ainda são necessárias. — O salário do pecado voluntário é iniludivel. — Haverá lugar na Terra para os milhões de ressuscitados? — A Restituição contra a Evolução. [173] |
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