sábado, 23 de junho de 2012

VERDADEIRA COMUNHÃO













Séc  1641 a.C,aproximadamente.Vejo um homem alto e esguio,sua face revela uma magreza que já lhe é característica.Em uma das mãos segura duas cordas,e amarrados nelas um carneiro e um bode.Ele pára diante de um altar.Degola o bode.Seus filhos recolhem o sangue que escorre e ele molha seus dedos no sangue para depois tocar em cada extremidade do altar.Com uma faca,abre o corpo do bode,e alguns de seus órgãos depois de retirados,são ali mesmo queimados.O restante do animal,agora só carne e o couro,são levados para fora do acampamento e também são queimados.
Eu entro hoje no meu quarto,e fecho a porta atrás de mim.Me ajoelho e fecho os olhos.Me lembro de certas coisas e elas me entristecem.Peço a Deus que me perdoe,e sou perdoada.
As duas cenas,cada uma em sua época,traduzem um mesmo propósito.Mas se naquela época eu fizesse o que fiz hoje,e se hoje fizessem o que se fazia naquelas épocas não adiantaria nada.
Jesus ter-se feito como um cordeiro,e ter morrido mudou minha forma de adoração,e minha forma de me relacionar com Deus.Se Jesus não tivesse morrido,minha adoração,ou o simples fato de dizer;”Te amo Senhor”,passaria pelas mãos de um homem,e através do sangue e da carne queimada de um bode.
Se tivesse que pedir perdão pra Deus sobre algo,minhas lágrimas de tristeza e meu coração pesado não serviriam.O tanto que eu chorasse e pedisse não adiantaria.Meu Pai ouviria meus pedidos de perdão e me ouviria como se fosse do outro lado de um vidro temperado.Eu teria que ritualizar os meus anseios.Minhas petições,meu desejo de falar com Ele,de me relacionar com Ele estariam simplificados num churrasco de carneiro.
Toda a essência humana,sua singularidade,suas características passavam por facas ritualísticas,passavam na gordura de cabritos,nas vísceras e no sangue de um boi,de um pombo,de um cordeiro.
Nós que hoje falamos em dançar com Jesus,em calçar seus sapatos,em deitar no seu colo(coisas que refletem uma grande intimidade),se não fosse pelo sacrifício eterno,teríamos que comprar um gado, colocar as mãos sobre ele e isso seria a nossa comunhão.Seria do tipo;”quer conhecer a Deus?Uma cabeça de gado”,”quer crescer em intimidade?20 rolinhas.”
Esse antigo ritual excluía a alma,seguia um padrão.Retirava a minha individualidade e a sua expressão individual de amor.
O homem podia chorar,se derramar,expressar seu amor,sua dor,sua saudade em relação à Deus,mas isso só valeria algo se um animal fosse queimado,ou um pouco de arroz,trigo,cereal fosse ofertado.
Quantos vezes homens tão íntimos de Deus quanto Davi,que tiveram que projetar suas nuances,seu sorriso,seu olhar,o som da sua alma em mãos impostas num novilho?
Por meio de Jesus,meu sorriso,minhas lágrimas,meu abraço,minha dor,chegam aos olhos de Deus,sem churrasco e sem arroz.

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